quarta-feira, 27 de maio de 2015

GLACIAR PERITO MORENO - EL CALAFATE

No segundo dia em El Calafate fui conhecer o Glaciar Perito Moreno. O meu objetivo seria passear somente pelas passarelas do parque. O Glaciar fica dentro do Parque Nacional los Glaciares a 80 km do centro.
No dia anterior havia ficado pela região central de El Calafate e comprado as passagens ida e volta para o Glaciar Perito Moreno. Comprei pela RP Transportes, pagando 250 pesos argentinos, mais uma taxa idiota de 5 pesos (decreto municipal) pelo uso do terminal.
O ônibus saiu por volta das 08:30 horas do terminal rodoviário de El Calafate, com previsão de chegada às 10 horas no glaciar.
Durante o trajeto fiz amizade com um australiano – o Matthew, que estava há alguns meses mochilando pela América do Sul. Conversávamos sobre os encargos financeiros para um australiano entrar no Brasil e para um brasileiro entrar na Austrália. Uma coisa que percebi é que não encontrei ninguém que estivesse fazendo mochilão pela América do Sul, incluísse o Brasil nos seus planos... Somente Argentina, Chile, Bolívia, Perú, Equador, Colômbia, e Venezuela.
Depois de mais de 1 hora de viagem, chegamos à portaria do Parque Nacional los Glaciares e dois funcionários do parque entraram no ônibus para cobrar o valor do ingresso ao parque. O valor da entrada é de 215 pesos, porém, é cobrado somente o valor de 150 pesos para residentes dos países do MERCOSUL. Mostrei meu passaporte (RG também comprova) e paguei os 150 pesos.
Seguindo viagem tive a primeira vista do glaciar no Mirador de los Suspiros. Ainda estava um pouco nublado, mas dava pra ver a imensidão de gelo do Perito Moreno. O ônibus parou num píer para desembarcar as pessoas que fossem fazer uma espécie de safári náutico e seguiu viagem até o alto do morro, onde o restante desceria.

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Teríamos até às 15:30 horas – o horário do retorno, pra desbravar o local. A vista do glaciar logo na entrada das passarelas é espetacular. O tempo que estava nublado começou a abrir, tornando o espetáculo mais fantástico. Apesar do tempo que abria, o frio permanecia devido a proximidade do glaciar.

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São 5 roteiros que é possível fazer pelas passarelas: um pela área central (mais próxima do glaciar), um na área inferior, um pelos bosques, um pela costa do Canal de los Témpanos e um acessível, com elevador, para cadeirantes. Em aproximadamente 4 horas é possível caminhar calmamente por todas.
Iniciei caminhando pelas passarelas do bosque, que faz ligação com a área inferior e o Brazo Rico, sempre contemplando e fotografando a paisagem exuberante, sem perder o glaciar de vista.

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Voltando da parte inferior e chegando a parte central pude observar algumas pequenas rupturas e desprendimentos na geleira e contemplar a imensidão azulada do glaciar. O gelo fica azul por causa da compactação de neve sob grande pressão da geleira, extinguindo as bolhas de ar, fazendo sua massa adquirir essa cor devido a não absorção total do espectro azul da luz. A ligação entre oxigênio e hidrogênio da água é excelente para absorver o espectro amarelo e vermelho, mas absorve mal o espectro azul da luz. Quanto maior for a área de gelo atravessada pela luz, menos vermelho sobrará e, portanto, mais profundo será o tom de azul observado. Espessuras inferiores a um metro geralmente refletem quantidade suficiente de outras faixas do espectro luminoso para que continuem tendo aparência branca.

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Comecei então a caminhar pelas passarelas do lado da orla do Canal de los Témpanos e do Lago Argentino. No começo conheci um casal de gaúchos que viajavam a 2 meses pelo Chile e Argentina em um motor home. Conversamos um pouco e continuei pelas passarelas que terminaram no píer onde o grupo do safári náutico desceu do ônibus.

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Na volta, observei os barcos que faziam os passeios bem próximos aos paredões do glaciar, de aproximadamente 60 metros de altura e caminhei até a entrada das passarelas. Do outro lado da estrada tem somente um restaurante e uma loja de brindes. Entrei no restaurante, tomei bastante choconhaque, fotografei mais um pouco e voltei para o ponto de encontro do embarque, onde o ônibus já estava estacionado e só faltava eu para embarcar. Eu estava no horário correto do embarque.
O dia foi extremamente proveitoso. O Glaciar Perito Moreno é parada obrigatória pra quem vai a El Calafate. O lugar é lindo e cada minuto lá é de extremo valor.

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Cheguei à pousada no fim da tarde e preparei minha janta. Na pousada fiz amizade com um brasileiro e um argentino – o Alejo, que estava viajando a Argentina toda de carona e saímos à noite pra comprar cerveja. Nesse mesmo dia o Alejo também tinha ido ao Glaciar Perito Moreno e disse ter conseguido carona com um casal de gaúchos que viajavam em um motor home... Mundinho pequeno...

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Até a próxima!!!

sexta-feira, 22 de maio de 2015

EL CALAFATE - ARGENTINA

 El Calafate é uma cidade localizada no sul da patagônia argentina, próxima à fronteira com o Chile. O nome El Calafate vem do arbusto Berberis MIcrophylla, que nasce na região e que produz uma fruta da qual se fazem doces e geleias.
A principal atração é o Glaciar Perito Moreno. Dedicarei um relato específico para ele.
Cheguei a El Calafate numa viagem de 6 horas de ônibus, saindo de Puerto Natales, no Chile.
A cidade é bonita e com uma boa infraestrutura para o turista. Planejei ficar por 2 dias. No primeiro dia ficar pela região central e no segundo dia visitar o Glaciar Perito Moreno. Consegui hospedagem para o primeiro dia no El Ovejero, onde dormiria em um contêiner adaptado como dormitório, com beliches e calefação. Dividi um contêiner com um casal de alemães muito gente fina (Fabian e Felicia). No segundo dia ficaria no Albergue Lago Argentino.

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Na cidade há alguns museus, porém visitei somente um deles, pois os demais estavam fechados.
Visitei a Intendência do Parque Nacional Los Glaciares, que é o centro administrativo do parque de mesmo nome. A Intendência fornece informações sobre a área protegida, suas geleiras e passeios dentro do parque. A entrada é gratuita e há uma trilha interpretativa que conta a história do parque com peça e máquinas que fez o acesso às geleiras. Grande parte das obras do acervo faz alusão aos exploradores Francisco Pascasio Moreno e Charles Darwin.

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Saindo da Intendência, segui as placas que indicavam o acesso à Laguna Nimez, que fica a poucos minutos de caminhada do centro de El Calafate. É um belo lugar pra se conhecer. É um local para observação de lindas aves coloridas e raposas. A entrada é paga, porém é possível avistar todo o atrativo do lado de fora.
Seguindo a calçada pude observar e fotografar boa parte da fauna em quase 360 graus do lugar. Do lado de dentro há uma trilha onde é possível transitar entre as lagoas e ver as aves mais de perto. Entre 1 e 2 horas é possível passear e fotografar tudo por lá. Optei ficar pelo lado de fora do parque onde, em todo o percurso, não fiquei a mais de 30 metros da trilha do lado de dentro. A maior atração são os flamingos (flamencos austrais).

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Como o dia só escureceria a partir das 21 horas e o dia estava quente e ensolarado, fui até o Lago Argentino (que fica ao lado da Laguna Nimez). O Lago Argentino é o maior e o mais austral dos grandes lagos patagônicos da argentina. Dizem que em alguns pontos ele alcança a profundidade de 500 metros...
Às margens do lago, com suas areias escuras, moradores e turistas aproveitam os raros dias quentes para tomar banho no lago, passear com a família, pescar e praticar diversas atividades físicas e de lazer.
Fiquei um longo tempo contemplando e fotografando as belezas naturais da região e antes que caísse a noite, já chegava ao meu quarto no contêiner.

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 Até a próxima!!!

sexta-feira, 8 de maio de 2015

TORRES DEL PAINE - CHILE

            
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O Parque Nacional Torres Del Paine, localizado na patagônia chilena, é um dos destinos mais belos da América do Sul. Para chegar ao local peguei um voo do Aeroporto Internacional de Guarulhos, com destino final em Punta Arenas e de lá um ônibus até a cidade de Puerto Natales. A viagem de Punta Arenas a Puerto Natales dura em torno de 3 horas, com uma bela vista do Estreito de Magalhães e campos a perder de vista no horizonte. Em Puerto Natales várias empresas de ônibus fazem a viagem até Torres Del Paine.

Chegando a Puerto Natales pude sentir a força do vento e o frio congelante da patagônia. Peguei um mapa da cidade na rodoviária, troquei dinheiro em uma casa de câmbio e fui procurar uma pousada. Fiquei na Yaganhouse pagando 12.000 pesos chilenos por um quarto compartilhado. Na própria pousada comprei as passagens ida e volta para Torres Del Paine e aluguei um isolante térmico para usar nos campings do parque.

Do Brasil levei minha barraca Cota-2 – Trilhas & Rumos. Levei também meu saco de dormir Super Pluma – Trilha & Rumos (6°C Conforto; 4°C Tolerância; 0°C Extremo). Aconselho levar um saco de dormir para temperaturas negativas (Celsius), pois o risco de hipotermia e congelamento é elevado, principalmente à noite, de madrugada e boa parte da manhã.

Comprei minha alimentação para os 3 ou 4 dias que eu ficaria no parque. Optei não cozinhar nos campings, então comprei pães, queijo, atum, chocolates, biscoitos, uma espécie de feijão branco cozido e temperado (enlatado), frutas, sucos, achocolatados e apenas 1 garrafa de água, pois sabia de antemão que no parque encontraria água potável em abundância.

Aproveitei o restante do dia para conhecer a cidade às margens do Seno Última Esperanza. Jantei e fui dormir depois das 21 horas com o dia já escurecendo.

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No dia seguinte levantei bem cedo e fui tomar o café da manhã. No refeitório conheci um casal de gaúchos que estavam na patagônia há vários dias e disseram que fui o primeiro brasileiro que eles encontraram por lá. Após o café me despedi e fui para a rodoviária, pois o ônibus saia às 07:30 horas.

Cheguei ao parque antes das 10 da manhã. O ônibus parou na Portaria Laguna Amarga, desci do ônibus, paguei a entrada do parque (18.000 pesos chilenos), carimbei meu passaporte, assisti um vídeo sobre o parque e informei a rota que iria fazer (Sendero “W”).

Para quem começa a caminhada pela Laguna Amarga o circuito “W” segue no sentido horário e leva-se de 3 a 5 dias para concluí-la, de acordo com o ritmo da caminhada. O circuito completo – o circuito “O” segue no sentido anti-horário e leva-se de 7 a 10 dias de caminhada para concluí-la. O circuito “W” está contido dentro do circuito “O”.

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Os primeiros 7,5 km são feitos em uma estrada de terra e cascalho sem nada de tão interessante para se ver, então optei pegar um transfer disponível que faz o percurso por 2.800 pesos chilenos.

O fim do trajeto do transfer é ao lado do Hotel Las Torres. Desse ponto já dá pra ver as pontas das torres ao longe. Após fazer os últimos ajustes na minha mochila parti para a aventura. O objetivo do dia era subir o Valle Ascencio, passar pelo Refúgio/Campamento Chileno e prosseguir até o Campamento Torres, onde montaria minha barraca e, se desse tempo, subir até a base das torres.

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Do Hotel Las Torres até o Refúgio/Campamento Chileno são 5 km, praticamente só de subida. Comecei o percurso bem agasalhado, mas o dia estava ensolarado e antes da metade da subida já tinha guardado todas as minhas blusas e estava só de camiseta. Cheguei a um trevo (Los Cuernos / Las Torres / Chileno) e segui a indicação para o Chileno. A vista do Valle Ascencio e do Lago Nordenskjold é espetacular. A vegetação é baixa e a todo tempo é possível visualizar o Monte Almirante Nieto à esquerda.

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Em menos de 2 horas, após atravessar o Rio Ascencio, cheguei ao Refúgio/Campamento Chileno, descansei por uns 10 minutos e continuei a caminhada rumo ao Campamento Torres.

Do Refúgio/Campamento Chileno até o Campamento Torres são mais 3 km de subida, porém com a vegetação alta e cobrindo a visão do céu. Cheguei ao camping em menos de 1 hora de caminhada.

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Identifiquei-me para o guarda-parque (todos os campings do circuito “W” têm) e montei minha barraca, cobrindo-a com uma lona preta para uma proteção adicional contra o frio, a chuva e o vento. Esse camping é gratuito. Fiz um lanche reforçado e segui a trilha que vai até a base das torres.

A distância do Campamento Torres até a base das torres é de 1 km – uma subida extremamente íngreme e de um longo trecho de pedras soltas. Em alguns trechos tive que usar o apoio das mãos para prosseguir. Quanto mais eu subia, mais a temperatura caía e o vento aumentava. Nuvens começavam a cobrir o céu e conforme eu ascendia as pontas das torres ficavam mais visíveis.

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Depois de tanto tempo subindo, finalmente cheguei à base das torres. O céu estava completamente nublado, mas felizmente as torres estavam descobertas. Como foi bastante cansativo chegar até lá, permaneci por mais 1 hora contemplando as agulhas de granito e o grande lago, logo abaixo delas.

Infelizmente, enquanto tirava uma foto, usando um bastão de selfie, minha câmera compacta escapou do suporte do bastão e caiu dentro do lago. No mesmo instante me atirei no lago para recuperá-la. Consegui, mas ela não funcionava mais. Fiquei muito chateado. O lado positivo é que assim que a tirei do lago, desacoplei o cartão de memória da câmera e dias depois descobri que o cartão funcionava corretamente e as fotos estavam intactas. A perda da minha câmera compacta não influenciou muito, até então, na minha viagem. Estava com outra excelente câmera e ainda tinha o meu celular. Fiquei mais um pouco, mas a temperatura continuava a cair. Retornei para o camping, jantei atum e feijão branco acompanhado de um suco de caixinha. Entrei na barraca e dormi bem aquecido.

Distância percorrida a pé neste dia: 10 km.

Gastos: 18.000 pesos chilenos (entrada do parque) + 2.800 pesos chilenos (transfer Laguna Amarga – Hotel Las Torres) = 20.800 pesos chilenos.

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No dia seguinte levantei cedo e percebi que o céu tinha poucas nuvens e o sol brilhava na ponta das torres. Tomei meu café da manhã e dei uma rápida subida até a base das torres, pois ainda teria uma longa jornada pela frente. Voltei para o camping, desmontei minha barraca, organizei minha mochila e retornei pela trilha do dia anterior.

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O objetivo do dia seria descer todo o Valle Ascencio, passando pelo Refúgio/Campamento Chileno, até o trevo Las Torres – Los Cuernos. Seguiria pela direita, sentido Refúgio/Campamento Los Cuernos. Dependendo do horário, continuaria até o Campamento Italiano (também gratuito).

Como estava descendo, levei 30 minutos até o Refúgio/Campamento Chileno e 1 hora até o trevo Las Torres – Los Cuernos. Desci junto com um australiano muito gente fina que estava começando a fazer o circuito completo (Sendero “O”). Ele me convidou para ir também, daí expliquei que tinha pouco tempo para ficar na patagônia e não daria tempo de fazer o circuito completo.

Durante a descida fiquei admirado com a coloração azul do Lago Nordenskjold. A todo tempo cruzava com grupos que subiam o Valle Ascencio a cavalo.

Chegando ao trevo o australiano seguiu pela esquerda, sentido Campamento Serón e eu pela direita, sentido Refúgio/Campamento Los Cuernos.

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Do trevo para o Refúgio/Campamento Los Cuernos são aproximadamente 11 km e fiz em 3 horas. Bem no início parei para me refrescar em uma cachoeira, pois já fazia calor. Enchi minha garrafa de água e continuei a caminhada por muito tempo com o Monte Almirante Nieto à minha direita.

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O percurso, com algumas subidas e descidas, é um dos mais belos do circuito “W”. De um lado a cadeia montanhosa, do outro o paradisíaco Lago Nordenskjöld.

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O Monte Almirante Nieto foi ficando para trás e os Cuernos Del Paine foi tomando o seu lugar na paisagem, mas durou pouco. A partir de então, até o término do meu circuito, o tempo fechou, a temperatura caiu drasticamente e começou a ventar violentamente. O vento trouxe a neblina, a neve e a chuva. O chão ficou enlameado, os rios transbordaram, o Lago Nordenskjöld formou altas ondas e o vento carregava a água do lago até a trilha onde eu estava – a mais de 50 metros acima do nível do lago! Como já previa tal situação, já havia coberto eu e a mochila com capas de chuva. O mal tempo encobriu o maciço do Cuernos del Paine até o momento em que fui embora.

Finalmente cheguei ao Refúgio/Campamento Los Cuernos. Fiz um lanche reforçado e, como ainda estava cedo, prossegui o trajeto até o Campamento Italiano. Teria que andar mais 5 km.

Como já estava exausto, fui num ritmo mais lento atravessando rios, pontes, atoleiros e subindo bastante. Aumentei a quantidade de paradas pra descanso e continuava a ser castigado pelo forte vento e pela precipitação atmosférica.

Passei pelo Campamento Francês e fiquei tentado a ficar por lá mesmo, mas continuei minha jornada. Cheguei ao Campamento Italiano quando o dia já escurecia. Identifiquei-me para o guarda-parque, montei acampamento, jantei e fui dormir, já em ponto de congelar.

Distância percorrida a pé neste dia: 26 km.

Gastos: zero!

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Durante a noite toda ventou com uma força assustadora. A minha barraca ameaçava dobrar, mas resistiu fielmente. A chuva e a neve aumentavam e a temperatura não parava de cair até chegar a -6°C. Como meu saco de dormir não era apropriado para aquela temperatura e comecei a passar frio. Vesti todas as minhas roupas, meias, touca, luvas. Enrolei um saco de lixo grande que tinha levado em volta do saco de dormir, até que o frio ficou suportável. Se não funcionasse alugaria um saco de dormir com o guarda-parque. Dentro do saco de dormir a temperatura começou a ficar agradável e pude dormir tranquilamente. Durante a noite e a madrugada quando abria o saco de dormir, por qualquer motivo, entrava aquele halo mortífero de frio. Deixei as pilhas da câmera e o celular comigo dentro do saco de dormir para não descarregá-las. Quando amanheceu ainda ventava incontrolavelmente e chovia bastante. Do lado da barraca tinham diversos galhos de árvores arrancados e quebrados pela força descomunal do vento.

Dentro da barraca tomei meu café da manhã e me preparei para subir ao Mirador Britânico, porém o guarda-parque do Italiano me disse que o acesso estava cerrado. Frustrado, voltei para a barraca, desmontei-a, arrumei minha mochila e segui para o Refúgio Paine Grande. O plano agora seria terminar o circuito “W” nesse dia. Ainda era cedo e decidi ir até o Refúgio Paine Grande, deixar minha mochila no refúgio, ir somente até o primeiro mirante do Grey e retornar para o Paine Grande para embarcar no catamarã das 12:30 horas e pegar o ônibus para Puerto Natales.

A distância do Campamento Italiano até o Refúgio Paine Grande é de 7,5 km. O percurso é fácil, mas tinha muita lama em toda trilha. A chuva havia parado e uma forte neblina incidia por todos os lados. Os Cuernos Del Paine ainda estavam encobertos. Ventava muito e precisei colocar a capa de chuva pra não me molhar com a água que o furacão trazia do Lago Sköttsberg. Aos poucos, a neblina foi diminuindo, porém o vento continuava.

Consegui visualizar uma parte do Cerro Paine Grande quando já avistava o Lago Pehoé. Mesmo com o tempo fechado pude contemplar a incrível coloração azul deste lago.

Chegando à Guarderia Paine Grande, pedi para o guarda-parque para deixar no posto minha mochila cargueira, pois iria somente até a metade do percurso do Glaciar Grey e voltaria para pegar o primeiro catamarã do dia. Ele disse que eu teria pouco tempo para isso (exatas 3 horas). Ele me orientou a colocar a mochila do lado de fora com a capa de chuva por cima.

Com o prazo curto, porém, sem a mochila, segui até o ponto mais alto da caminhada sentido Glaciar Grey, onde dava para avistá-lo. Levei minhas blusas mais quentes, capa de chuva, documentos e a máquina fotográfica.

Durante a subida, fui castigado pelo vento que quase me derrubava. Com um pedaço de madeira pude ter um apoio melhor. Na hora de fotografar a câmera não aceitava mais o cartão de memória. Tirei e voltei a colocar o cartão. Desliguei e liguei a câmera várias vezes, mas continuava a recusar o cartão de memória. Fiquei puto da vida. Fui pegar o celular pra fotografar, porém tinha esquecido dentro da mochila lá no Paine Grande. Fiquei furioso. A vontade de jogar a câmera fotográfica no Lago Grey foi grande, mas a câmera não era minha... rsrs. Poderia formatar o cartão, mas perderia todas as fotos. Aceitei a situação relutante e cheguei à parte alta. A vantagem foi que quase não dava para ver o Glaciar Grey por causa da névoa.

Faltava um pouco mais de 1 hora para a saída do catamarã e acelerei o passo de volta para o Paine Grande. Cheguei e já tinha uma fila imensa esperando pelo barco. Peguei minha mochila na Guarderia, agradeci e esperei os passageiros que chegavam do outro lado do Lago Pehoé descerem. Logo depois embarquei e assim que a embarcação partiu, subi na parte de cima do barco para fotografar com o celular, mas, o Cerro Paine Grande e os Cuernos Del Paine ainda estavam encobertos.

Meia hora depois cheguei a Guarderia Pudeto, onde os ônibus já esperavam pelos passageiros com destino a Puerto Natales. Apresentei meu voucher para o motorista, subi no ônibus e antes que o motorista desse a partida no motor, já estava dormindo.

Distância percorrida a pé neste dia: aproximadamente 18 km.

Gastos: 15.000 pesos chilenos pela travessia de catamarã no Lago Pehoé.

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Apesar das complicações durante o circuito, os 3 dias que estive no parque foram de experiências positivas. É um lugar para se retornar. Na próxima vez optarei pelo circuito completo (Sendero “O”) e irei com, pelos menos, 3 dias de sobra para ter maiores chances de aproveitar da melhor forma um paraíso chamado Torres Del Paine.

Até a próxima!!!