terça-feira, 19 de agosto de 2014

CHAPADA DIAMANTINA

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Em janeiro de 2010 embarquei numa viagem planejada, com aproximadamente três meses de antecedência. O destino: Chapada Diamantina, no interior do Estado baiano.
Nesta viagem tive a ilustre companhia de duas colegas de estágio: Eloá e Géssica.
            O nosso plano seria fazer somente um circuito básico de quatro dias pela Chapada Diamantina e de lá irmos todos juntos para Salvador, daí nos separaríamos: eu iria para a Costa dos Coqueiros, no litoral norte da Bahia, a Eloá ficaria em Salvador, na casa de familiares e a Géssica viajaria para Maceió, também para casa de familiares.
            A condição que estabeleci para eu ir nesta viagem é que teria que ser via rodoviária. Em contrapartida, depois que saíssemos da Chapada Diamantina e chegássemos a Salvador, nos separaríamos – então cada um poderia voltar da forma que bem entendesse. Compramos nossas passagens pela viação Emtram na Rodoviária do Tietê, em São Paulo, com destino a Seabra, na Bahia, porém desceríamos em Lençóis – o mais badalado município da Chapada Diamantina.
            A Chapada Diamantina, também conhecida como serra do Sincorá, é uma região de serras, situada no centro do Estado da Bahia, onde nascem quase todos os rios das bacias do Paraguaçu, do Jacuípe e do Rio de Contas. Essas correntes de águas brotam nos cumes e deslizam pelo relevo em belos regatos, despencam em borbulhantes cachoeiras e formam transparentes piscinas naturais. A vegetação é exuberante, composta de espécies da caatinga semi-árida e da flora serrana, com destaque para as bromélias, orquídeas e sempre-vivas. As rochas fazem parte da unidade geológica conhecida como Supergrupo Espinhaço, que tomou este nome por ocorrer na serra do Espinhaço, no estado de Minas Gerais.
A Chapada Diamantina nem sempre foi uma imponente cadeia de serras. Há cerca de um bilhão e setecentos milhões de anos, iniciou-se a formação da bacia sedimentar do Espinhaço, a partir de uma série de extensas depressões que foram preenchidas com materiais expelidos de vulcões, areias sopradas pelo vento e cascalhos caídos de suas bordas. Sobre essas depressões depositaram-se sedimentos em uma região em forma de bacia, sob a influencia de rios, ventos e mares. Posteriormente, aconteceu um fenômeno chamado soerguimento, que elevou as camadas de sedimentos acima do nível do mar, pressionada pela força epirogenética, tendo aos pouco um sofrível erguimento ao longo de milhões de anos. As inúmeras camadas de arenitos, conglomerados, e calcários, representam os depósitos sedimentares primitivos; a paisagem atual é o produto das atividades daqueles agentes ao longo do tempo geológico. Nas ruas e calçadas das cidades da Chapada, lajes de superfícies onduladas revelam a ação dos ventos e das águas que passavam sobre areais antigos.

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No dia e hora marcada iniciamos a nossa viagem. De antemão já sabíamos que ficaríamos por 32 horas dentro do ônibus até chegarmos a nosso destino. Com mais de uma hora de atraso, saímos da rodoviária às 11 horas da manhã e chegamos a Lençóis no outro dia, por volta das 17 horas. Durante a viagem revezávamos os lugares para não ficarmos a viagem toda sem conversarmos entre nós, mas conforme a viagem evoluía fazíamos mais amizades dentro do ônibus. Durante a ida houve as paradas para refeições, banho e troca de motorista por quatro vezes – cada um mais hilário que o outro. No início ficamos receosos da viagem rodoviária ficar muito tediosa, mas foi bastante animada, com muito respeito entre os passageiros e a piada rolava solta...
            Assim que chegamos à primeira cidade baiana, todos no ônibus já se conheciam e motorista fez uma pausa num boteco, a pedido dos passageiros, pois fazia um calor infernal e a cachaça também rolava solta... kkkkk.
            A paisagem, na maior parte da viagem, é bastante agradável ao olhar. Pastos, plantações, campos verdejantes, matagais, morros, serras, vilas isoladas e cidades compunham o visual da viagem. Ora chovia, fazia sol, esfriava, esquentava intensamente, ficava de tarde, de noite, de manhã e finalmente de tarde novamente, quando chegávamos ao nosso destino. Passamos próximo a Ibicoara, mas o ônibus fez uma última parada, antes de descermos, em Cascavel, com suas estradas de terra vermelha e esburacada. Passamos por Mucugê, onde teríamos que voltar, dias depois. Entramos em Andaraí, onde também visitaríamos com mais calma e, finalmente, chegamos a Lençóis.

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            A cidade de Lençóis é famosa por ser o principal destino turístico da região e conta com uma ótima infraestrutura para absorver a demanda do turismo. Ela surgiu em meados do século XIX com a descoberta de muitas jazidas de diamantes na região da cidade de Mucugê. A tradição oral dá conta de que um personagem chamado Casusa Prado e o seu escravo teriam vindo de Mucugê para descobrirem diamantes. O nome Lençóis teria vindo dos lageados por onde o rio passa espumando, serra abaixo. Diz-se que se parece um lençol bordado ou rendado.
Na minúscula rodoviária de Lençóis, um carro esperava por nós, para nos levar até a pousada. No planejamento da viagem optamos por ficar na Pousada Roncador e fazermos nosso roteiro pela agencia da própria pousada, a Cirtur – que achamos a mais econômica de todas pesquisadas.
            Fizemos o check-in e fomos desfazer as malas, tomar banho e sair para jantar e conhecer a região. A cidade é bastante aconchegante com diversas opções de restaurantes, bares, adegas, quiosques de comidas típicas, agências de turismo de aventura e ecoturismo – abertas inclusive à noite, artesanato, danças folclóricas e marchinhas de rua, que desfilavam por toda a cidade. Bem na entrada da cidade há uma grande praça ladeando um rio, onde, à noite muitos se encontram para conversar, brincar e namorar. O clima é bem animado e receptivo.
            Retornamos para a pousada, pois precisávamos descansar para no dia seguinte começarmos a desbravar a Chapada Diamantina. Zzzzzz...

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1º DiaObjetivo: Conhecer o Rio Mucugezinho, Poço do Diabo, Morro do Pai Inácio, Gruta e Rio Pratinha, Gruta Azul e Gruta da Lapa Doce.

            Levantamos logo cedo, tomamos um excelente café da manhã e nos encontramos com o guia na recepção da pousada, que nos levaria de carro a todos os atrativos do dia e partimos para o Rio Mucugezinho e Poço do Diabo. Saímos de Lençóis e entramos na rodovia rumo ao município de Palmeiras e em poucos minutos paramos em um estacionamento a beira da estrada, onde conheceríamos o Rio Mucugezinho.
            Esse rio, assim como a maioria dos cursos de água da região da Chapada Diamantina, tem uma coloração marrom acobreada. Essa cor é derivada da matéria orgânica em decomposição. O solo da Chapada é rochoso e a matéria orgânica se deposita sobre ele. Quando a água passa por essa camada ela adquire essa cor, advinda dos taninos e ácidos húmicos presentes nesse material. Tiramos algumas fotos e seguimos para o Poço do Diabo.

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            Rente ao rio Mucugezinho pegamos uma pequena trilha, que dá acesso a esse poço.
           O Poço do Diabo, não é nada mais que a continuação do Rio Mucugezinho, começando com uma cachoeira de 20 metros e terminando num lago profundo. Suas águas limpas e refrescantes garantiram nosso divertimento diante do calor do Estado baiano. Tem esse nome devido a um triste fato na história da Bahia. Conta-se que, no tempo da mineração de diamantes, eram os escravos que ficavam o dia inteiro dentro dos rios na coleta de pedras preciosas. Eles ganhavam apenas roupas, comida e medicamento para que pudessem incessantemente continuar com os seus trabalhos de mineração sem folga. Eles eram vigiados por capangas armados. Certo dia os escravos resolveram mudar a situação. Decidiram ficar com um pouco dos diamantes coletados no rio escondendo-os em um lugar seguro. A idéia era juntar o suficiente para comprar sua liberdade ou negociar se conseguissem fugir. Mas os capangas perceberam o esquema dos escravos e delataram para o chefe, que por sua vez, mandou matar todos os escravos e seus corpos foram jogados naquele poço, deixados para apodrecerem. A partir dessa história surgiram várias lendas relacionadas a aparições de fantasmas dos escravos mortos nesse local.
            Nesse poço existem guias preparados para fazer a descida dos visitantes pela trilha, por rapel ou por tirolesa. Optamos descer pela tirolesa. A Géssica desceu primeiro, depois a Eloá e eu por último. Entramos na cachoeira, demos alguns mergulhos, apreciamos alguns artesanatos numa casa que dá acesso ao Rio Mucugezinho e voltamos para o carro para irmos para o próximo atrativo.

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            Poucos minutos depois, avistávamos o Morro do Pai Inácio, situado no município de Palmeiras. É possível chegar de carro boa parte do morro, depois de passar por uma cancela continua a subida por uma trilha. A vista lá de cima é espetacular – não é em vão que é o cartão postal da Chapada Diamantina. Diz a lenda que um escravo chamado Pai Inácio, fugindo da polícia, pulou de guarda-chuva do alto dos 400 metros de altura do morro e não morreu. Há uma vertente que diz que ele havia saído com a mulher de um chefe e que saltou lá de cima fugindo do homem traído. Há também uma história de que ele fugia da mulher de seu patrão por ter saído com ele... Agora resta saber qual história é a verídica.
            Após deslumbrar o visual do mirante e assistir a uma encenação feita pelos guias do Morro do Pai Inácio sobre a história do fujão que saltou de guarda chuva, voltamos pela mesma trilha da subida e seguimos pela rodovia rumo a Iraquara para conhecer as grutas, mas antes paramos à beira da estrada para fotografar o Morro do Camelo – elevação com altura um pouco mais baixa em relação ao do Pai Inácio e com aparência de um camelo. Voltamos para o carro e seguimos por uma longa estrada para as próximas emoções.

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            Depois de quase uma hora de estrada chegamos ao município de Iraquara e nos dirigimos para a Gruta Pratinha, localizada dentro da Fazenda Pratinha, a gruta é inundada por águas azuis transparentes do Rio Pratinha, onde é possível praticar flutuação e mergulho. Alugamos o equipamento necessário (colete, máscara, snorkel e lanterna) e seguimos o guia que nos direcionavam dentro da gruta em um bote inflável. É possível observar, com a ajuda da lanterna, as formações rochosas ricas em calcário e magnésio e os peixes na parte escura da gruta. Adentramos vários metros nessa gruta, nos acostumando a respirar pelo snorkel, onde também pudemos fotografar e filmar embaixo da água. Depois de um longo tempo de exploração subaquática, voltamos para a parte clara, na saída da gruta onde pudemos observar melhor os peixes nadando em nossa volta. A experiência foi surreal!

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             Abaixo, o vídeo gravado durante nossa pratica de snorkeling: https://www.youtube.com/watch?v=FP17C2TOP7Q

            Após a flutuação, almoçamos no restaurante Pratinha, dentro da mesma fazenda e visitamos a Gruta Azul, dentro da mesma propriedade, que dentro dessa caverna contém um lago translúcido, cujas águas atingidas pelos raios solares ganham tons azulados, permitindo também, através da refração do feixe solar, visualizar o fundo da caverna. O acesso para a Gruta Azul é através de uma íngreme descida. Nessa gruta não é permitida a pratica de mergulho e flutuação.

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            Saímos de carro da Fazenda Pratinha e andamos por 6 km até chegarmos a Gruta da Lapa Doce. Após pagarmos a taxa de entrada, seguimos o guia da propriedade, juntamente com outro grupo pequeno, e pegamos uma trilha até chegarmos a uma grande dolina. Descemos pela trilha, entre as erosões de calcário, e chegamos a enorme entrada da caverna, com 72 metros de altura.
            A Lapa Doce faz parte de uma extensa rede de cavernas gigantes com formações inusitadas de estalactites, estalagmites, colunas e espeleotemas de fascinante beleza. Considerada a terceira maior caverna do Brasil, ela possui 22 km mapeados, sendo somente 850 metros abertos à visitação, entrando por um lado e saindo por outro. Um dos espeleotemas tem um belo efeito de tons avermelhados em contraste com o branco da calcita, provocado pelo desmatamento na superfície – o que permite a entrada de água com argila.
            Durante a visita o guia, com sua lâmpada de carbureto, contava algumas histórias do lugar e parava em determinadas formações geológicas para ou contar uma história ou fazer uma abordagem mais técnica. Em um trecho, a pedido do guia, desligamos nossas lanternas e ele próprio desligou sua lâmpada, para podermos “ver” a escuridão total e ouvir os sons da caverna. Depois da experiência, saímos do outro lado da caverna e subimos uma trilha entre as depressões de calcário até chegarmos à entrada da propriedade.

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            Com a noite já a espreita, pegamos a rodovia de volta para Lençóis enquanto observávamos o Sol se pôr. Na rodovia não existe iluminação pública e ficamos por conta das luzes do nosso carro, de outros veículos que cruzavam conosco, dos vaga-lumes, de outros seres desconhecidos, da lua e das estrelas...
            Chegamos a Lençóis cansados, porém, felizes por termos alcançado o objetivo do dia e fomos para o merecido descanso, pois no dia seguinte uma grande caminhada esperava por nós.

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2º DiaObjetivo: Conhecer a trilha do Vale do Capão, Cachoeira da Fumaça e Riachinho.

            Acordamos ansiosos pela programação do dia, fizemos o desjejum e nos encontramos com outro guia na recepção da pousada – o Márcio, meu chará. Dessa vez iríamos conhecer os atrativos de van, juntamente com outras três meninas de São Paulo.
            Fechado o grupo, partimos para o município de Palmeiras, onde caminharíamos por Caeté-Açu, mais conhecida como Vale do Capão e logo pudemos deslumbrar a paisagem natural. Depois de mais de uma hora de van, chegamos ao pé da Trilha do Capão, em um pequeno vilarejo. Tivemos uma explicação da brigada voluntária de combate a incêndios da região, sobre a queimada periódica na região, causando gravíssimo impacto ambiental e que conta com poucos equipamentos de combate ao fogo, podendo-se também deixar uma doação para a brigada. Após as orientações começamos a trilha de 6 km até a Cachoeira da Fumaça.
            A trilha é bem puxada no começo, com mais de 1 hora de subida pela serra da Larguinha, por uma escada natural de pedras, onde tivemos que fazer algumas paradas para descanso e fotografar o vale, que se apresentava atrás de nós e pudemos avistar o Morrão (ou Monte Tabor) em toda parte da subida. O clima estava seco e quente, fazendo-nos sentir como é caminhar em climas semi-áridos do sertão. No fim da subida caminhamos por mais de uma hora em terreno irregular, porém sem inclinação até chegarmos à boca da cachoeira.

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Ponto 1: Início da trilha no pé da torre de telecomunicação, uma placa do Ibama dá algumas informações sobre a trilha e o parque. Atravessam-se vários quintais e logo começa um campo aberto de 300 metros que vai dar no início da subida da serra da Larguinha.
Ponto 2: Subida dividida em três patamares bastante íngremes com um desnível total de 330 metros, esta é a parte mais árdua da trilha. Os trechos mais íngremes foram calçados para permitir a subida de animais até os campos e seus pastos naturais. Belo visual sobre o Morrão e a planície da Campina. Observem os primeiros pés de candombá, uma planta de caule grosso e fibroso usada tradicionalmente para acender o fogão a lenha, indicando uma altitude superior a 1200 metros. Presença de cristais de quartzo no chão. Esta trilha foi originalmente traçada pelos garimpeiros que alcançavam por aí os rios Palmital e Capivara.
Ponto 3: Alcança-se o nível dos gerais num primeiro muro de pedras seguido por um trecho arenoso com belo visual sobre o vale do Capão e a serra do Rio Preto. Em seguida a trilha orienta-se para o leste onde encontra o curral.
Ponto 4: O curral é rodeado de um campo rupestre extremamente rico e frágil, tendo que ter cuidado com as pisadas e não colher plantas. Várias espécies de bromélias, cactos e orquídeas caracterizam um campo de grande diversidade biológica. Arvoredos de folhas graúdas (pau de mocó) e a Samambaiaçu completam o visual do ambiente.
Ponto 5, 6 e 7: Platô a perder de vista. Os "Gerais" se estendem por três quilômetros, com zonas de brejo e travessia de vários córregos, afluentes do rio da Fumaça. É possível observar umas pequenas plantas vermelhas e peludinhas que fabricam visgo quando mexidas, elas são carnívoras (Drosera).
Ponto 8: Chegando ao rio de bela cor vermelha, dá para sentir as gotinhas da cachoeira que voltam para cima, trazidas pelo vento; fenômeno que deu origem ao nome "Fumaça". 

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            Atravessamos o rio e chegamos finalmente na Cachoeira da Fumaça, na parte de cima. Recebeu esse nome porque pela altura da queda, a água evapora-se, formando um panorama visual como se fosse fumaça. Com 340 metros de altura, é a segunda maior cachoeira do Brasil, atrás somente da Cachoeira do El Dorado, no Amazonas, com 353 metros de altura. O abismo é de 420 metros, porém, de onde começa a cachoeira até o fundo do cânion dá 340 metros de altura. A floresta do fundo do cânion é remanescente de Mata Atlântica, com numerosos palmitos.
            Ficamos um longo tempo contemplando o grande cânion e aproveitamos o momento também para fazermos um grande piquenique. A cachoeira se resumia a um filete de água, por causa da seca sazonal. O calor era grande, mas, pudemos nos refrescar sempre, por causa do vapor da água da cachoeira que voltava do cânion. Ainda teríamos um grande caminho para percorrer, até a entrada da trilha e o calor nos castigava cada vez mais, porém menos penoso para caminhar, pois teríamos alguns trechos de retas e a descida do morro da Larguinha. O que nos motivava era a próxima cachoeira que visitaríamos. Chegamos novamente na entrada da trilha no meio da tarde e seguimos para o Riachinho – uma cachoeira a quatro quilômetros do Vale do Capão.

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             Chegando ao Parque Municipal do Riachinho, já fomos direto para a trilha curtinha que dá acesso a cachoeira de oito metros de altura, que deságua numa piscina natural, para um banho revigorante. Depois do sol desgastante na trilha do Vale do Capão, esta cachoeira foi a salvação. Ficamos lá por aproximadamente uma hora e retornamos para a van, que nos levou de volta para a pousada em Lençóis. Mesmo cansados da longa caminhada, ainda tivemos disposição para aproveitar a noite estrelada na cidade. Voltei para a pousada para dormir. A Géssica e Eloá continuaram a andar pela cidade, nas redondezas da pousada. Apenas as percebi, quando acordei pela manhã, tamanho era o cansaço que eu sentia da caminhada do dia anterior.

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3º DiaObjetivo: Conhecer o Poço Azul, Mucugê, Cemitério Bizantino, Ruínas de Igatú, Galeria Arte & Memória e Toca do Morcego.

            Devidamente recuperado, levantamos bem mais cedo, em comparação com os outros dias, pois nesse dia iríamos conhecer alguns dos atrativos situados do outro lado da Chapada Diamantina, em relação a onde estávamos. Os destinos: Nova Redenção, Mucugê, Igatú e Andaraí. Nosso guia foi novamente meu chará, o Márcio – gente fina!
            Percorremos 86 km de Lençóis até o Poço Azul. Inicialmente o plano seria também visitar o Poço Encantado, mas estava lacrado pelo Ibama, devido a uma obra irregular na entrada do poço, segundo os guias locais.
            O Poço Azul fica dentro de uma propriedade particular, onde se paga uma taxa para entrar e o acesso é feito descendo através de várias escadarias de madeira. A caverna tem formações rochosas de estalactites e estalagmites e, ao fundo possui um belíssimo poço de águas cristalinas, alimentados por lençol freático. Por ser água corrente, é permitido o banho e flutuação, pois a oleosidade do corpo dos banhistas não suja a água. O tom azulado turquesa da água se deve basicamente pela mesma razão que o céu é azul. A luz visível que vem do sol é composta por todas as cores e, ao encontrar com a atmosfera, ela passa direto, enquanto a luz azul bate nas moléculas de nitrogênio e oxigênio e é refletida em todas as direções. Uma das coisas impressionantes é que mesmo com a profundidade, é possível ver nitidamente tudo o que está no fundo, como pedras e troncos de árvores em áreas que variam de 3 a 15 metros de profundidade. Segundo Ismael Júnior, o guia do poço, a limpidez se deve a existência de carbonato de cálcio na água, fazendo uma função de filtro, contribuindo para a sua transparência. No Poço Azul encontram-se esqueletos completos de preguiças gigantes, datados em 10 milhões de anos. Pequenos camarões e o raro bagre-albino habitam esse poço, apesar do cenário assombroso. A primeira vista ainda é possível confundir onde termina a rocha e onde começa o meio aquático.
            Alugamos os equipamentos necessários para a prática de flutuação, tivemos também que tomar uma ducha geladaaaaaaaaaa para diminuir as impurezas do corpo e entramos vagarosamente na água para não levantar resíduos do fundo do poço nas regiões rasas. Ficamos por aproximadamente 40 minutos explorando cada parte do poço com a ajuda de nossas máscaras. Foi uma experiência bem divertida para mim. Eu sentia estar voando, podendo nadar e enxergando nitidamente o fundo a 15 metros de profundidade. Tive vontade de passar o dia todo lá dentro, se fosse possível, mas o tempo é regulado dentro do poço e ainda tinha muitos lugares a conhecer nesse dia.

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            A próxima parada foi em Mucugê, depois de aproximadamente uma hora de carro. Eu, Eloá, Géssica e o guia Márcio.
            A cidade de Mucugê é uma das mais antigas da região da Chapada Diamantina, fundada no século XVIII. Tem como característica marcante, os antigos casarões coloniais. A economia da época girava em torno da mineração de ouro e, sobretudo, diamantes.
            A primeira coisa que fizemos ao chegar foi escolher um restaurante, pois estávamos famintos, devido ao tempo ocioso dentro do carro e a atividade aquática no Poço Azul. Depois que almoçamos, andamos pelas ruas e praças de Mucugê com suas particularidades ora interessantes, ora engraçadas. Em uma praça um “transporte para bêbados” estilo caixão aberto com as frases: “Queria ser como você não ter razão pra beber”, “Bêbado aqui é cuidado cada um é dono do seu e é respeitado” e “Feliz é quem dorme dismaio”.
            Seguimos para o Cemitério Bizantino, com seus túmulos e mausoléus de formas góticas e pontiagudas. Há duas explicações para a denominação de bizantino. Uma é pela semelhança com as cúpulas brancas do Mar Egeu, feitas pela civilização bizantina. Outra é pela presença de sírios e libaneses em Mucugê, no século XIX. Esses eram chamados de turcos, pois a Síria e o Líbano pertenciam ao Império Turco Otomano e a Turquia foi a sede do Império Bizantino. Não se sabe qual explicação é a real. Ficamos pouco tempo no cemitério e voltamos para a rodovia.

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            Nossa próxima parada foi em Igatú – distrito famoso pelas ruas, casas e ruínas de pedra onde viveram os garimpeiros no século XIX. Foi um próspero povoado no alto da serra, mas com o declínio da produção de diamantes, a cidade praticamente foi abandonada, restando casas fechadas, ruínas e poucos moradores. A maioria dos garimpeiros construíam suas casas utilizando as pedras abundantes no local, numa espécie de construção sem argamassa. Essa vila foi cenário do filme brasileiro “Besouro”.
            O acesso a Igatú, no alto da serra é feita por uma longa estrada de terra e assim que chegamos à vila, os moradores ficavam nos observando como seres vindos de outro planeta. Quem chega ao povoado encanta-se também com o artesanato e os doces vendidos em cada esquina.

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            Andamos entre as ruínas de Igatú até que chegamos a Galeria Arte & Memória – um mix de museu e lojinha, com ênfase nas obras do artista plástico Dmitri de Igatú, que pinta as belezas naturais da Chapada Diamantina. O espaço reúne também utensílios usados no garimpo entre as décadas de 1930 e 1950. Nos jardins têm várias esculturas de arte contemporânea.
            Depois que saímos da Galeria, passamos pela Rampa do Caim – uma estrada de pedras de aproximadamente 10 quilômetros, onde é possível ter uma impressionante vista do Rio Paraguaçú.

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            Seguimos para a Toca do Morcego, que é parada obrigatória para quem gosta de artesanato. Lá você encontra roupas, bolsas, brincos, anéis, pedras e uma grande variedade de acessórios. Pegamos uma trilha bem curta e saímos no Rio Paraguaçú, onde pudemos nadar em algumas piscinas naturais rentes ao rio.
            Depois seguimos para o centro de Andaraí para comer sorvete. Fomos à sorveteria Apollo e provamos o famoso sorvete de cachaça da região. Antes de escurecer, já voltávamos para a pousada em Lençóis.

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4º DiaObjetivo: Conhecer o Ribeirão do Meio, Serrano, Salão de Areias Coloridas e Cachoeirinha.

            Nesse dia levantamos um pouco mais tarde, pois ficaríamos conhecendo outros atrativos de Lençóis e fizemos os roteiros sem guia.
            O plano seria chegar à Cachoeira do Sossego, porém a trilha bifurcava muito e para não corrermos riscos desnecessários, partimos para o Ribeirão do Meio, tendo apenas que pegar uma trilha bem aberta, andando por uns 40 minutos.
            O Ribeirão do Meio é composto por uma corredeira sobre lajes de arenitos e conglomerados lisos e escorregadios que formam um verdadeiro tobogã natural, que deságua numa grande piscina natural. Ao chegar, nadei até a parte oposta da piscina natural e subi pelas laterais da laje e desci devagar pelo tobogã para testar se não me machucaria se fosse numa velocidade maior. Aprovada a descida, repeti dezenas de vezes!!!

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            Voltamos do Ribeirão do Meio para o centro de Lençóis, almoçamos e fomos para a pousada tirar uma soneca. Depois levantamos para andar mais um pouco. A Géssica estava com dor de cabeça, portanto, somente eu e a Eloá continuamos com as andanças, enquanto a Géssica continuou na pousada descansando.
            Passamos pelo Parque Municipal do Serrano, a 15 minutos do centro de Lençóis, para conhecermos os caldeirões (piscinas naturais). Ficamos um pouco nos caldeirões, sendo possível ter uma visão panorâmica de Lençóis e seguimos para o Salão de Areias Coloridas, formado por pedras porosas, que formam túneis e cavernas com pedras de arenitos em decomposição, com diferentes tonalidades de cores. Após algumas fotografias pegamos uma trilha e saímos na Cachoeirinha – um lindo poço formado por um rio que corre mansamente, com uma pequena queda d’água, o que nos proporcionou um delicioso banho.
            No fim da tarde, nos reunimos novamente com a Géssica e fomos aproveitar a nossa última noite na Chapada Diamantina, pois no dia seguinte, logo cedo iríamos partir para Salvador.

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            Levantamos cedo e com pesar deixamos para trás um dos destinos mais interessantes do Brasil. Ficaram atrativos que não podemos visitar, como o Vale do Paty, Cachoeira da Fumacinha, Cachoeira do Boqueirão, Gruta Torrinha e Poço Encantado, mas que voltarei com certeza para conhecê-los.

            Até a próxima!!!

* créditos das imagens para Eloá e Márcio.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

PARQUE ESTADUAL DO JUQUERY

Em plena sexta-feira combinei com meus colegas Edilson e Carlos para fazermos uma caminhada no Parque Estadual do Juquery. Fomos de trem até a Estação Franco da Rocha e de lá pegamos o ônibus Vila Machado, que nos deixou na portaria do parque.
O Parque Estadual do Juquery foi criado em razão da necessidade de conservação de importantes remanescentes de vegetação nativa existentes na Fazenda Juquery, bem como a importante função de preservar as áreas de Mananciais do Sistema Cantareira.
O local recebe esse nome devido a grande ocorrência de uma planta que os índios encontravam as margens dos rios da região, a qual chamavam de yu-kery, dessa planta os índios extraiam sal que servia como condimento para temperar os alimentos. Também conhecida como Dorme Maria, a yu-kery ao ser tocada fecha suas folhas, abrindo-as novamente após algum tempo.

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 Ao chegarmos, nos dirigimos para a trilha do Ovo da Pata, com 13 km de extensão (ida e volta), segundo aferição do parque. O percurso é bastante tranquilo e basicamente numa estrada de terra, com alguns aclives e declives.  O trecho no qual retorna pelo mesmo caminho, é marcado por uma trilha bastante íngreme e que leva ao alto de um morro chamado de Ovo da Pata, onde fazemos uma pausa para o lanche. 

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Na volta, passamos pela torre – um mirante de madeira de 4 andares, mas a entrada estava fechada. A justificativa é que a estrutura está comprometida.
Seguimos até a Trilha da Gruta dos Pitus, na esperança de encontrarmos a cachoeira existente no parque, mas ao chegarmos, encontramos somente uma pequena bica – causada pela seca na região. Na volta da Trilha da Gruta dos Pitus, o Carlos recolheu uma pipa abandonada no meio da mata e, a pedido de uma garotinha que brincava no parque, deu de presente para o irmãozinho dela.


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Percebemos alguns tratores trabalhando num em um nível acima dos lagos, revolvendo terra e sem alguma proteção que evitaria a terra ser levada pela enxurrada da chuva e como consequência a sedimentação no fundo dos lagos. Daí ficamos imaginando o impacto ambiental se chovesse, causando o assoreamento dos lagos... Voltamos pela Trilha dos Lagos onde pudemos observar alguns cardumes nadando à beira dos lagos e finalmente terminamos nosso roteiro.


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Na saída do parque pegamos o ônibus para o centro de Franco da Rocha, onde percorremos várias quadras em busca de um bar para tomar uma gelada, mas sem obtermos sucesso. Quando estávamos quase desistindo, encontramos um restaurante e tomamos nossas geladas, já pensando no próximo roteiro.
Até a próxima!




terça-feira, 29 de julho de 2014

PEDALADA AO KINKAKU-JI - #2


Resolvi retornar de bike ao Kinkaku-Ji. Desta vez fui com meu primo Clécio. Saímos do bairro São Pedro, ao sul de Itapecerica da Serra, pegamos um longo trecho de asfalto com aclives e declives, passamos pelo Centro e seguimos pela estrada de terra que dá acesso ao Templo Dourado. Trecho de nível médio. Pedalamos aproximadamente 12 km para chegar ao Kinkaku-Ji. Com exceção do centro de Itapecerica da Serra, o trecho é sossegado para pedalar, pois não há muita movimentação de veículos.
O dia começou um pouco nublado, mas durante a pedalada as nuvens foram dando lugar ao Sol de outono. A pedalada até o Kinkaku-Ji foi bem agradável e mantemos o bom humor durante todo o roteiro. Próximo ao nosso destino, meu primo começou a ter os primeiros sinais de câimbras e nos últimos 300 metros tivemos que empurrar nossas bikes numa subida bastante íngreme, que se inclinássemos um pouco mais para frente corríamos o risco de bater a cabeça no chão...

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Chegando ao Kinkaku-Ji, fizemos um lanche, tiramos algumas fotos e selfies (kkkkk) e ficamos por um longo tempo contemplando a paisagem e visitando os templos.

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Terminamos a visita, e voltamos pelo mesmo caminho da ida. O Clécio começou, novamente, a ter câimbras, tendo dificuldades em pedalar, daí resolvemos ir empurrando as bikes. Pouco tempo depois, passou um caminhão de gás e o motorista ofereceu carona. Meu primo recusou, dizendo que estava bem, mas eu disse que aceitaríamos sim. Colocamos nossas bike em cima dos botijões de gás e subimos no caminhão. Essa carona cobriu aproximadamente 2/5 do percurso da volta e que correspondia ao trecho com as subidas mais acentuadas. Agradecemos pela carona e continuamos nossa pedalada de volta. Já próximo do fim do percurso, paramos num bar de madeira na beira da estrada e comemos um salgadinho Fofura, alguns amendoins e bebemos uma tubaína. Fomos pra casa, para o descanso merecido.

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Para mim essa foi fácil. Tirando as dores do meu primo, tivemos um bom dia de atividades.
Até a próxima!!!

sexta-feira, 13 de junho de 2014

PEDALADA NO VALE DOS TEMPLOS

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            Em um domingo ensolarado planejei fazer uma pedalada ao Vale dos Templos, em Itapecerica da Serra. O plano seria ir pela área urbana e voltar pela estrada que liga Itapecerica da Serra a Embu-Guaçú, fazendo todo o trajeto em forma de círculo.
Bicicleta e acessórios verificados, parti para o centro de Itapecerica da Serra, onde encontrei as placas indicando o caminho para o Vale dos Templos e Kinkaku-ji. Pedalei aproximadamente 2 km em estrada asfaltada e entrei numa estrada de terra ladeada por bastante vegetação e algumas poucas casas. O caminho é relativamente curto e depois de mais 2 km de pedalada na estrada de terra, peguei uma subida pavimentada bem inclinada e, no meio da subida, entrei numa estradinha à direita, com uma placa escrita “Enko-ji”.
Para entrar pela porta principal do Kinkaku-ji teria que ter continuado a subida até o final, mas como iria voltar por outro caminho, optei entrar pela porteira do outro lado do Kinkaku-ji, onde também entram os veículos. Por isso peguei a estradinha à direita que, primeiro sobe e depois desce bastante, contornando o Kinkaku-ji, saindo no portão dos fundos, onde fica o lago e o templo Enko-ji.

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Kinkaku-ji do Brasil é uma réplica do templo Kinkaku-ji japonês de mesmo nome construído no século XIV e assim como seu modelo, o Kinkaku-ji é entornado por um lago povoado por carpas coloridas. Diferentemente do seu modelo japonês, o Kinkaku-ji do Brasil é um templo ecumênico e um cinerário, ao passo que o Kinkaku-ji japonês é um templo de orientação zen-budista. Em seu interior, além de vários columbários, há salas onde se realizam cerimônias ecumênicas como missas, batismos e casamento. Com uma certa frequência, realizam-se cerimônias fúnebres pós-cremação, seguindo o rito japonês e o costume de preservar as cinzas dos seus ancestrais.
Chegando ao Kinkaku-ji, fiz um lanche, tirei algumas fotos e fiquei por um bom tempo contemplando a paisagem e os templos.

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Terminada a visita, adentrei em uma estrada bem estreita e ladeada por uma mata densa. O percurso também é curto, mas muito prazeroso por causa da vegetação exuberante, dos lagos naturais e do cantar dos pássaros. Pedalei por 2 km e saí novamente numa rua asfaltada, porém com uma subida muito pesada. Vencido o desafio, saí no topo de um morro onde tive uma vista privilegiada de Itapecerica da Serra, Embu-Guaçú, da Represa do Guarapiranga, da zona sul e zona oeste da capital paulista e até da Avenida Paulista...
 Após um tempo de contemplação, retomei a pedalada. Entrei no km 39 da Estrada Bento Roger Domingues. De lá para o centro de Itapecerica da Serra são aproximadamente 3,5 km. A estrada é bastante percorrida por caminhões, mas como nesse trecho há acostamento, não corri riscos desnecessários para chegar ao final do meu roteiro.

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Essa foi fácil, mas não menos prazerosa!
Até a próxima!!!




quarta-feira, 4 de junho de 2014

PEDALADA À PEDRA DO BAÚ

Em uma terça-feira (12/03/2013) resolvi pedalar de Campos do Jordão até o Complexo da Pedra do Baú, considerado o cartão postal da Mantiqueira. A distância de um ponto ao outro é em torno de 25 km. Meu plano seria pedalar até a Pedra do Baú pela manhã e voltar para Campos do Jordão no meio da tarde.

Cheguei a Campos do Jordão um dia antes para conhecer a cidade e localizar a bicicletaria onde alugaria a bike para a minha trip.

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Saí da pousada e esperei até às 09:00 horas, quando a bicicletaria abriu, aluguei uma bike e após verificar as condições dela, iniciei o meu roteiro. Na mochila levava apenas lanche, água, blusa, capa de chuva, celular e carteira.
Estava um pouco frio, mas fazia sol – o que tornou agradável o começo da pedalada. Entrei na Estrada da Campista e segui firme, ladeira acima. O percurso é bastante sinuoso, mas os primeiros 22 km de estrada asfaltada e os 3 km restantes de estrada de terra. Na ida o trajeto segue na seguinte conformidade: 3 km de subida, 1 km de reta, 5 km de descida, 11 km de subida, 2 km de retas. Depois, os 3 km em estrada de terra com subidas e descidas leves, sendo a maior parte de retas.
O percurso é bastante arborizado, com algumas pousadas, sítios e pesqueiros pelo caminho. A movimentação de automóveis é quase inexistente. A sinalização é boa, o que não me deixou dúvida onde deveria sair da estrada asfaltada e entrar à esquerda, na estrada de terra.

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Em menos de 3 horas de pedalada cheguei a uma venda, a 500 metros do meu destino, chamada “Santo Bento”. O dono da venda me ofereceu um chocolate quente, o que aumentou meu ânimo e me preparei para ir até o Complexo da Pedra do Baú, que é formado pela Pedra do Baú, Pedra do Bauzinho e Pedra Ana Chata. Deixei a bike aos cuidados do dono da venda e parti na caminhada até que avistei a imponente Pedra do Baú.

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Por esse caminho que fiz, já saio na parte superior da Pedra do Bauzinho, precisando apenas andar por uma trilha de aproximadamente 100 metros.
Chegando no Bauzinho, percorri toda sua extensão (mais uns 100 metros), onde um grande vão a separa da Pedra do Baú – dezenas de metros mais alta. Pude avistar boa parte da cidade de São Bento do Sapucaí, com suas casinhas e ruas arborizadas. Tirei algumas fotos, apreciei a paisagem e me preparei para ir ao atrativo principal: a Pedra do Baú.

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Para chegar ao topo da Pedra do Baú, teria que descer de rapel pelo vão, entre as duas pedras, mas, como não estava com equipamento de escalada, fiz o caminho mais longo e menos emocionante. Caminhei de volta pela extensão do Bauzinho, voltei pela trilha da ida e entrei por uma outra trilha, que me levaria até a base da outra pedra, passando abaixo do vão entre o Baú e Bauzinho.
Uma trilha de menos de 2 km me levaria até a via ferrata do lado sul da pedra (estrutura de subida por intermédio de escadas e degraus livres de ferro, chumbadas na rocha por todo o percurso vertical). A subida é praticamente toda na sombra, é úmida, tem bastante vegetação e vários pontos de descanso. Têm a ferrata do lado norte, onde a exposição ao sol é bem maior, mais seca, com menos vegetação e poucos pontos de descanso. Como nunca havia subido pela ferrata e estava sem equipamento de segurança, optei ir pela sul. A trilha até o começo da ferrata é de nível fácil, tendo que descer um bom pedaço e depois andar o restante com poucos trechos de elevação. Passei por uma escada metálica, de acesso a via “Normal do Baú”, onde a subida é feita somente com equipamento de escalada, passei por pontos de desabamento de terra e finalmente cheguei na bifurcação a qual se seguisse direto, iria para a Pedra Ana Chata, mas iniciei minha subida ao cume do Baú.
A primeira parte é feita por uma escada de pedra e depois vem a parte de, ora escada metálica, ora degraus presos na parede da rocha. A subida não é difícil, mas para quem tem medo de altura não é aconselhável subir sem equipamento de segurança. Aliás, com ou sem medo, é melhor que a subida seja feita com guias especializados e com equipamentos certificados. Como sou teimoso, subi mesmo assim...

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Em 30 minutos subi os quase 300 metros da Pedra do Baú, que me presenteou com a vista maravilhosa das cidades de São Bento do Sapucaí, Campos do Jordão, Santo Antônio do Pinhal e Sapucaí-Mirim, em Minas Gerais.
Chegando ao alto da Pedra do Baú, saí bem no centro da extensão do cume e andei até o lado em que dava pra avistar a Pedra do Bauzinho. O cume da Pedra do baú é bastante estreito no sentido norte/sul e com mais de 100 metros no sentido leste/oeste. Descansei por um bom tempo, lanchei, fotografei e andei em direção a outra ponta do Baú, onde avistei a Pedra Ana Chata. Após alguns minutos, voltei para a região das ferratas e desci pela mesma que subi.

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Levei uns 15 minutos para descer e voltei pela mesma trilha que fui. Resolvi não ir a Ana Chata, pois a hora avançava e teria que devolver a bike antes das 18 horas, horário que a bicicletaria iria fechar. Na próxima visita pretendo ir direto para a Ana Chata!
Voltando no “Santo Bento”, onde havia deixado minha bike, fiz um lanche reforçado e o dono da venda me ofereceu um dos seus carros para levar minha bike até Campos do Jordão. Ele estava com seus 2 carros lá na venda e precisava levar os dois embora, mas só tinha ele para dirigir, porém ele sairia de lá perto das 18 horas. Tive que recusar, pois estava sem minha habilitação e temi perder o horário de devolver a bike.
Parti rumo a Campos do Jordão, pelo mesmo caminho da ida.
Porém agora o caminho foi mais fácil. Depois de sair do trecho de terra, desci os 11 km em menos de 15 minutos. Quando estava no último trecho de subida, fui recebido por uma chuva forte. Rapidamente coloquei minha capa de chuva, mas a chuva era tão forte que, em um trecho, fui obrigado a aguardar uns 15 minutos em um local coberto, até que a chuva passasse. Retomando a pedalada, cheguei ao último trecho de descida, onde fui ultrapassado pelo dono do “Santo Bento” (daria pra voltar de carro... mas tudo bem, se eu voltasse de carro, teria perdido a boa oportunidade de pedalar um trecho na chuva... e que chuva boa!). Cumprimentamos-nos e pouco antes das 18 horas cheguei à bicicletaria, devolvi a bike e voltei para a pousada.

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No dia seguinte aproveitei parte do dia para andar por Campos do Jordão, ir a um centro de recreação chamado Tarundu, onde costumo praticar tiro com arco e depois do almoço voltei para casa.

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Mais uma aventura bem sucedida e até a próxima!!!