quarta-feira, 17 de junho de 2015

LOMA DEL PLIEGUE TUMBADO – El Chaltén (3º dia)

                No terceiro dia em El Chaltén, planejei fazer uma trilha até o alto de um monte, com uma vista espetacular dos principais atrativos do local.
                Acordei cedo e notei que o céu estava limpo e o sol já derretia a geada da manhã. Ótimo para caminhar. Despedi-me do Fabian e da Felícia – meus colegas de dormitório em três dos dias que fiquei na patagônia. Eles estavam indo para outra cidade. Eu ficaria ainda por mais dois dias em Chaltén. Como não estava mais gostando da hospedagem em que estava, saí pra procurar outra pousada. Consegui em pouco tempo. Fiz o check-in, arrumei minha mochila e fui para o Loma del Pliegue Tumbado.

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                Segui até o centro de visitantes, na entrada da cidade e fui até a entrada da trilha. Inicialmente tem uma bifurcação. Do lado esquerdo segue uma trilha até o Mirador de los Condores, onde é possível avistar a cidade de El Chaltén. Seguindo mais adiante, a trilha leva ao Mirador de las Aguilas, onde se vê o Lago Viedma. Do lado direito da bifurcação segue-se para o Loma del Pliegue Tumbado e pra Laguna Toro que, para fazê-la, teria que dedicar pelo menos dois dias para ir e voltar.
                Seguindo a trilha do Loma percebi que passaria um bom tempo somente subindo. Conforme progredia, avistava a cidade mais amplamente. Os Miradores de los Condores e de las Aguilas também começavam a ficar pra baixo.

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                Depois de mais de uma hora subindo, entrei numa região de bosques muito bonitos e com o Fitz Roy e as pontas do Cerro Torre que apareciam à distância.
                Cheguei a uma nova bifurcação e uma placa indicava a Laguna Toro à esquerda e o Loma à direita. Segui pela trilha da direita até que adentrei na mata fechada, com várias árvores caídas, onde continuei por mais de 1 hora e subindo constantemente.
                Saindo da floresta percebi o quanto subi. Conseguia avistar o gigantesco Lago Viedma e o relevo do seu lado oposto. A presença de neve era constante e continuei subindo, subindo e subindo.

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                Finalmente chegava ao Mirador do Loma del Pliegue Tumbado. Conseguia então avistar o cume do Fitz Roy, o Cerro Torre, Laguna Torre e Cerro Solo. Um monte de pedras empilhadas servia como proteção contra a ventania poderosa da região. Felizmente (infelizmente também) não estava ventando.

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                A maioria das pessoas vai somente até esse ponto. É possível subir ainda mais, entretanto, é necessário enfrentar um morro extremamente inclinado e com dificuldade elevada para se chegar ao cume. Para subir seria necessário ultrapassar os inúmeros obstáculos de pedras soltas e neve densa. Decidi aceitar o desafio.
                O engraçado é que havia algumas pessoas lá em cima, mas não conseguia vê-las, pois estava além do alcance da vista. Percebi que o monte era muito mais alto do que aparentava ser.
                Fui subindo com um pouco de dificuldade e com o auxílio de um bastão improvisado até chegar perto do trecho final. Continuei na escalaminhada. Passei ainda por uma longa faixa de neve, que chegava quase aos meus joelhos, até que cheguei ao ponto mais alto do morro.

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                O cenário majestoso lá do alto sobrepuja e compensa as dificuldades enfrentadas para chegar até lá. Pude avistar quase tudo que havia conhecido nos dias anteriores: Laguna Torre, Cerro Torre, Cerro Solo, Fitz Roy, Laguna Capri, Rio de las Vueltas, Lago Viedma e até a Laguna Toro e Glaciar Túnel, do lado oposto. Fiquei um longo tempo no topo da montanha e então desci.

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                De volta, no mirante mais abaixo, pude contemplar as acrobacias aéreas das aves de rapina. Essa apresentação, além do mirante, já valeu pela trilha toda.

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                Resolvi voltar para a trilha, rumo à cidade, pois a temperatura começava a cair e o vento a aumentar. Como na ida havia reparado mais no caminho adiante, na volta pude observar mais detalhadamente a paisagem ao redor. As montanhas cobertas de neve, as árvores retorcidas e maltratadas pelas intempéries, com uma coloração típica do início do outono, faz uma bela combinação do cenário patagônico.

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                No retorno percebi como a trilha é bonita. Na minha opinião ela é mais linda que as trilhas Laguna Torre e Fitz Roy.

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                Finalmente voltei a avistar a cidade. Como já havia descido quase a trilha toda, a temperatura era mais elevada naquela altitude. Percebi como El Chaltén é linda à distância.
                Chegando à cidade, o Sol ainda ardia quente no céu. Passei no mercado, comprei alguns alimentos para preparar minha janta na pousada e, depois da janta, fui ao evento de aniversário de El Chaltén.

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                Até a próxima!!!

segunda-feira, 8 de junho de 2015

FITZ ROY - El Chaltén (2º dia)

             Seria neste dia que eu conheceria o atrativo que me inspirou a ir à patagônia: o Fitz Roy!
            Havia chegado a El Chaltén no dia anterior e feito a trilha até o Cerro/Laguna Torre e agora iria realizar o meu principal objetivo na patagônia.

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            Levantei cedo e abri a janela. Levei uma lufada do frio congelante no rosto. Fechei a janela e voltei para a cama.
            Horas depois fiz uma nova tentativa. Abri a janela e dei de cara com o Fitz Roy à distância. O céu estava limpo e não havia nuvens no céu. O frio estava mais suportável. O dia prometia ser bonito.
            Organizei minha mochila, conversei um pouco com o Fabian e a Felícia – meus companheiros de quarto e desci para a cozinha para preparar meu desjejum. Lá encontrei o Alejo – um argentino que fiz amizade no segundo dia que fiquei em El Calafate. Ele estava indo para o Camping Agostini – um camping gratuito a uns 100 metros da Laguna Torre. Depois do café da manhã parti para a trilha.
            Como no dia anterior havia voltado da Laguna Torre pela trilha de conexão com a trilha do Fitz Roy, já conhecia os 8 primeiros quilômetros do trajeto  a ser feito, com exceção dos 2 km de um dos lados da bifurcação “Laguna Capri – Mirador Fitz Roy”, que não havia feito. No dia anterior havia voltado pela Laguna Capri. Desta vez iria pelo lado do mirante.
            Atravessei a cidade em 20 minutos de caminhada e iniciei a trilha. Os primeiros 4 km seriam de longas subidas. Passei pelo Mirador do Rio de las Vueltas no km 1 da trilha e segui tranquilamente até a bifurcação “Laguna Capri – Mirador Fitz Roy”, onde entrei pela trilha do lado direito, seguindo até o mirante. Dezenas de pessoas subiam pela trilha. Como habitualmente ando num ritmo mais veloz, ultrapassei todos que iam subindo.

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            O Fitz Roy visto a partir do mirador é surreal, com suas paredes de granito, geleiras e neve acumulada, faz uma combinação magnífica com o azul celeste e com a vegetação com uma coloração típica do início do outono. Fiquei por quase meia hora observando a paisagem. Mas o melhor estava por vir...

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            Voltei para a trilha e caminhei até a bifurcação onde tem a trilha que faz conexão com a trilha Laguna Torre. Entrei na trilha da direita e atravessei o Rio Blanco. Depois de passar pelo rio não podia mais avistar o Fitz Roy, porque agora ficava escondido atrás de um morro, que eu subiria logo mais.

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               O último quilômetro da trilha é o mais difícil. Uma subida bem inclinada a perder de vista.
            Conforme ia subindo a quantidade de neve no chão aumentava e dificultava a subida, por estar escorregadia. Eu segui um grupo que, de repente, começou a fazer guerra com bolas de neve. Entrei na brincadeira.
            Da metade da subida pra frente já é possível avistar as Lagunas Madre e Hija, onde havia passado ao lado no dia anterior. Perto do final da subida as pontas das agulhas do Cerro Poincenot e o Fitz Roy reapareceram. Depois de muitas curvas e escorregões, cheguei ao fim da trilha.

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            Finalmente cheguei à Laguna de los Tres e alcançava então o principal objetivo da viagem. Tive sorte de estar fazendo um dia quente, entre 15°C e 20°C, sem ventos e praticamente sem nuvens. Custava acreditar que estava ali mesmo.

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            O que muitos não sabem e acabam deixando passar é que entre a Laguna de los Tres e o Cerro Poincenot, bem ao lado, tem outro lago – a Laguna Sucia. Esse lago tem a coloração mais intensa do que as demais lagunas da região.

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            Fiquei por 4 horas em um ponto onde era possível avistar a Laguna de los Tres, de um lado, a Laguna Sucia, do outro lado e o Fitz Roy atrás. Aproveitei ao máximo para apreciar o lugar, fotografar e lanchar. E até fazer um monstrinho com a neve que era abundante no local.

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            Fui para um ponto onde é possível avistar a Laguna de los Tres e o Fitz Roy de um lado e as Lagunas Madre, Hija, Capri e Lago Viedma do lado oposto. Paisagem espetacular!!!

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            Começava a esfriar e decidi então descer, pois ainda iria ao Glaciar Piedras Blancas. Para chegar até lá teria que descer o último quilômetro da trilha do Fitz Roy e entrar por um atalho escondido antes do Rio Blanco e seguir por 1 km até o riacho que vem do glaciar. A trilha não é sinalizada e poucas pessoas passam por lá. Há um grande risco de desmoronamento no trecho entre o encontro do riacho com o Rio Blanco e o glaciar. Naquele trecho, todo cuidado é pouco.
            Na descida do morro encontrei o Alejo, que vinha subindo. Ele havia chegado ao Camping Agostini, montado acampamento e seguido para o Fitz Roy pela trilha de conexão. Conversamos brevemente e segui pelo atalho rumo ao Glaciar Piedras Blancas.
            Tive um pouco de dificuldade, pois o caminho é quase todo de pedras soltas e me orientei pelos totens de pedras que alguns caminhantes deixavam pelo caminho. Demarquei alguns trechos mais confusos com novos totens e segui até o encontro do riacho que vem do Glaciar Piedras Blancas com o Rio Blanco.
            A partir daí virei para a esquerda e escalaminhei todas as pedras até chegar ao lago, que é abastecido pelo glaciar. Fiquei pouco tempo, pois começava a escurecer.
            Na volta desequilibrei-me numa das pedras e senti a torção no tornozelo. Mancando, cheguei de volta à trilha do Fitz Roy. Passei pela Laguna Capri e ao chegar ao Mirador do Rio de lãs Vueltas, já era noite. Acendi minha lanterna e continuei até chegar à pousada.

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            O lugar superou minhas expectativas e as imagens do lugar eternizarão em minha memória.

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            Até a próxima!!!

terça-feira, 2 de junho de 2015

CERRO TORRE - El Chaltén (1º dia)

            El Chaltén – uma pequena e linda cidade da patagônia argentina, e que é possível percorrê-la toda em menos de uma hora de caminhada, é conhecida como a cidade dos trekkings. A forma mais usual de se chegar é descendo no Aeroporto Internacional Comandante Armando Tola, em El Calafate, e prosseguindo a viagem de ônibus até El Chaltén. A viagem de ônibus dura em torno de 3 horas.

Mapa de El Chaltén (clique na imagem para ampliar)

            Estava há 2 dias em El Calafate, quando fui para El Chaltén. Embarquei no ônibus das 07:00 horas e cheguei ao meu destino poucos minutos antes das 10 horas da manhã.
            A paisagem do percurso é muito bonita, passando por fazendas, pastos, deserto, os grandes lagos Argentino e Viedma, sendo possível avistar o Glaciar Viedma em alguns trechos. A presença dos guanacos e cavalos são constantes. Em boa parte do percurso também é possível avistar uma extensa cadeia montanhosa com seus picos nevados, em especial o Fitz Roy e o Cerro Torre.
            Chegando a El Chaltén, o ônibus fez sua primeira parada no Centro de Visitantes, onde tivemos uma breve explicação sobre a cidade, a fauna, flora, clima, trilhas e os cuidados ao adentrar em ambientes naturais, em especial quanto ao frio e o vento glacial, as mudanças repentinas de clima e temperatura e como se portar diante de um animal em específico: o puma! Apesar de ser raro de ver este felino, ele vive exatamente onde passaria os próximos 4 dias. A minha intenção era ter a sorte de avistar um. A orientação dos guardas florestais é manter a distância. Se, por acaso, o animal atacar, a melhor defesa é o enfrentamento.
            Após o tour no Centro de Visitantes, voltamos para o ônibus que, logo depois, parou na rodoviária. Desembarquei e fui procurar uma pousada. De repente vi uma mulher acenando e me chamando há uns 30 metros de distância. Ela chamava pelo meu nome. Olhei para ambos os lados para ver se não era engano, mas concluí que era comigo. Curioso, me aproximei e somente de perto reconheci a Felícia e o Fabian, um casal de alemães que me fizeram companhia num dormitório, dentro de um contêiner, no primeiro dia que fiquei em El Calafate. Eles também haviam acabado de chegar e procuravam por uma pousada. Juntos, ficamos no primeiro albergue que encontramos, para não perdermos tempo útil do dia com isso.
            Deixamos as bagagens no quarto coletivo que pegamos e segui para o começo da trilha (Sendero) Laguna Torre. O Fabian e a Felícia decidiram primeiro dar uma volta pela cidade. Como o tempo muda rapidamente na patagônia, o céu ficou nublado em questão de minutos.

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Seguindo os mapas que retirei no centro de visitantes e na rodoviária, encontrei o inicio da trilha. Meu plano era chegar a Laguna Torre, continuar até o Mirador Maestri e retornar pela Laguna Hija, Madre e Capri. Como já eram 11:00, teria que ir num ritmo mais forte para estar na cidade antes de escurecer.

Objetivo do dia (clique na imagem para ampliar)

A trilha em direção à Laguna Torre é um pouco inclinada, mas, é a mais fácil das outras trilhas longas. O traçado da trilha é bem demarcado e sinalizado (quilometro por quilometro) até o destino final. Depois de alguns trechos de subida, cheguei ao Mirador Del Torre. Já estava psicologicamente preparado para o caso de não conseguir avistar o Cerro Torre, mas tive sorte. O tempo começava a abrir nos Cerros Solo e Torre à distância.
Passei por um cruzamento com uma trilha que faz conexão com a trilha do Fitz Roy, passando pela Laguna Hija e Madre, onde eu seguiria no retorno do Cerro Torre.
Continuando na trilha principal, atravessei um grande vale, alguns riachos e, finalmente, cheguei ao fim da trilha, 11 km depois.

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Às vezes não acreditamos nas imagens que nossos olhos enviam para o nosso cérebro. As agulhas do Cerro Torre são quase tão lindas que o vizinho Fitz Roy. Em questão de minutos o céu ficou praticamente todo azulado, com apenas algumas nuvens bem além, no horizonte.

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Depois de um longo tempo de contemplação, parti para o Mirador Maestri, 1 km adiante. Desse mirante é possível ter uma vista de um ângulo diferente e um pouco mais próximo do Cerro Torre e do Glaciar Grande. Esse trecho é um pouco mais difícil, tanto pela inclinação como pelo trajeto de pedras soltas.
Voltando do Mirador Maestri parei para descansar e lanchar diante da Laguna Torre e o Cerro Torre mais adiante. Novamente pessoas acenavam para mim – eram o Fabian e a Felicia. Conversamos por um longo tempo e então resolvi voltar pra trilha, pois ainda passaria pela trilha que conecta o Sendero Laguna Torre a Sendero Fitz Roy. Convidei o casal para me acompanhar, mas eles estavam cansados. Combinamos então de nos encontrarmos na pousada até no máximo às 21:00 horas. Se eu não aparecesse eles mandariam a guarda florestal pra tentar me localizar. Despedi-me e voltei pela trilha que havia percorrido até a Laguna Torre.

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Chegando ao cruzamento que havia passado na ida, segui para a esquerda, sentido Laguna Hija e Madre. À distância a ser percorrida até chegar ao cruzamento com a trilha do Fitz Roy é de 8 km. A trilha tem a vegetação bem mais densa e raramente cruzava com alguém, vindo no sentido oposto. Em alguns trechos não conseguia nem ver o céu.
Finalmente cheguei à primeira laguna – a Hija. O lago, que é abastecido com o derretimento da neve da montanha, tem uma coloração magnífica, dependendo do ângulo de visão, indo do verde ao azul – efeito que é acentuado na Laguna Madre, logo ao lado. É possível ver o cume do Fitz Roy em boa parte do trajeto ao lado dos dois lagos.

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Chegando ao final do trecho de conexão entre as 2 principais trilhas, virei à direita no sentido de El Chaltén. A partir desse ponto eu andaria mais 8 km até a cidade, um longo trecho ladeado por um rio vindo da Laguna Madre e, mais na frente, formando a principal cachoeira de El Chaltén (Chorrillo Del Salto), desaguando depois no Rio de las Vueltas.
Cheguei a uma bifurcação com dois caminhos, separados por um morro e que se encontram depois desse morro, uns 2 km adiante. Por um dos caminhos chega-se a um mirante onde é possível avistar o Fitz Roy. Pelo outro caminho passa-se ao lado da Laguna Capri, que também da pra avistar o Fitz Roy. Escolhi o da laguna.
Chegando à Laguna Capri decidi ficar até o pôr do sol entre as nuvens e o Fitz Roy. Depois do evento voltei para os últimos 4 km de trilha.

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A partir de então a trilha seria só descida. Em pouco tempo cheguei ao Mirador do Rio de las Vueltas, onde também é possível avistar toda a pequena cidade de El Chaltén. Cheguei ao final da trilha e na pousada quando começava a escurecer, às 20:30 horas.
O objetivo do dia foi cumprido com sucesso!

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Até a próxima!!!

quarta-feira, 27 de maio de 2015

GLACIAR PERITO MORENO - EL CALAFATE

No segundo dia em El Calafate fui conhecer o Glaciar Perito Moreno. O meu objetivo seria passear somente pelas passarelas do parque. O Glaciar fica dentro do Parque Nacional los Glaciares a 80 km do centro.
No dia anterior havia ficado pela região central de El Calafate e comprado as passagens ida e volta para o Glaciar Perito Moreno. Comprei pela RP Transportes, pagando 250 pesos argentinos, mais uma taxa idiota de 5 pesos (decreto municipal) pelo uso do terminal.
O ônibus saiu por volta das 08:30 horas do terminal rodoviário de El Calafate, com previsão de chegada às 10 horas no glaciar.
Durante o trajeto fiz amizade com um australiano – o Matthew, que estava há alguns meses mochilando pela América do Sul. Conversávamos sobre os encargos financeiros para um australiano entrar no Brasil e para um brasileiro entrar na Austrália. Uma coisa que percebi é que não encontrei ninguém que estivesse fazendo mochilão pela América do Sul, incluísse o Brasil nos seus planos... Somente Argentina, Chile, Bolívia, Perú, Equador, Colômbia, e Venezuela.
Depois de mais de 1 hora de viagem, chegamos à portaria do Parque Nacional los Glaciares e dois funcionários do parque entraram no ônibus para cobrar o valor do ingresso ao parque. O valor da entrada é de 215 pesos, porém, é cobrado somente o valor de 150 pesos para residentes dos países do MERCOSUL. Mostrei meu passaporte (RG também comprova) e paguei os 150 pesos.
Seguindo viagem tive a primeira vista do glaciar no Mirador de los Suspiros. Ainda estava um pouco nublado, mas dava pra ver a imensidão de gelo do Perito Moreno. O ônibus parou num píer para desembarcar as pessoas que fossem fazer uma espécie de safári náutico e seguiu viagem até o alto do morro, onde o restante desceria.

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Teríamos até às 15:30 horas – o horário do retorno, pra desbravar o local. A vista do glaciar logo na entrada das passarelas é espetacular. O tempo que estava nublado começou a abrir, tornando o espetáculo mais fantástico. Apesar do tempo que abria, o frio permanecia devido a proximidade do glaciar.

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São 5 roteiros que é possível fazer pelas passarelas: um pela área central (mais próxima do glaciar), um na área inferior, um pelos bosques, um pela costa do Canal de los Témpanos e um acessível, com elevador, para cadeirantes. Em aproximadamente 4 horas é possível caminhar calmamente por todas.
Iniciei caminhando pelas passarelas do bosque, que faz ligação com a área inferior e o Brazo Rico, sempre contemplando e fotografando a paisagem exuberante, sem perder o glaciar de vista.

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Voltando da parte inferior e chegando a parte central pude observar algumas pequenas rupturas e desprendimentos na geleira e contemplar a imensidão azulada do glaciar. O gelo fica azul por causa da compactação de neve sob grande pressão da geleira, extinguindo as bolhas de ar, fazendo sua massa adquirir essa cor devido a não absorção total do espectro azul da luz. A ligação entre oxigênio e hidrogênio da água é excelente para absorver o espectro amarelo e vermelho, mas absorve mal o espectro azul da luz. Quanto maior for a área de gelo atravessada pela luz, menos vermelho sobrará e, portanto, mais profundo será o tom de azul observado. Espessuras inferiores a um metro geralmente refletem quantidade suficiente de outras faixas do espectro luminoso para que continuem tendo aparência branca.

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Comecei então a caminhar pelas passarelas do lado da orla do Canal de los Témpanos e do Lago Argentino. No começo conheci um casal de gaúchos que viajavam a 2 meses pelo Chile e Argentina em um motor home. Conversamos um pouco e continuei pelas passarelas que terminaram no píer onde o grupo do safári náutico desceu do ônibus.

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Na volta, observei os barcos que faziam os passeios bem próximos aos paredões do glaciar, de aproximadamente 60 metros de altura e caminhei até a entrada das passarelas. Do outro lado da estrada tem somente um restaurante e uma loja de brindes. Entrei no restaurante, tomei bastante choconhaque, fotografei mais um pouco e voltei para o ponto de encontro do embarque, onde o ônibus já estava estacionado e só faltava eu para embarcar. Eu estava no horário correto do embarque.
O dia foi extremamente proveitoso. O Glaciar Perito Moreno é parada obrigatória pra quem vai a El Calafate. O lugar é lindo e cada minuto lá é de extremo valor.

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Cheguei à pousada no fim da tarde e preparei minha janta. Na pousada fiz amizade com um brasileiro e um argentino – o Alejo, que estava viajando a Argentina toda de carona e saímos à noite pra comprar cerveja. Nesse mesmo dia o Alejo também tinha ido ao Glaciar Perito Moreno e disse ter conseguido carona com um casal de gaúchos que viajavam em um motor home... Mundinho pequeno...

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Até a próxima!!!

sexta-feira, 22 de maio de 2015

EL CALAFATE - ARGENTINA

 El Calafate é uma cidade localizada no sul da patagônia argentina, próxima à fronteira com o Chile. O nome El Calafate vem do arbusto Berberis MIcrophylla, que nasce na região e que produz uma fruta da qual se fazem doces e geleias.
A principal atração é o Glaciar Perito Moreno. Dedicarei um relato específico para ele.
Cheguei a El Calafate numa viagem de 6 horas de ônibus, saindo de Puerto Natales, no Chile.
A cidade é bonita e com uma boa infraestrutura para o turista. Planejei ficar por 2 dias. No primeiro dia ficar pela região central e no segundo dia visitar o Glaciar Perito Moreno. Consegui hospedagem para o primeiro dia no El Ovejero, onde dormiria em um contêiner adaptado como dormitório, com beliches e calefação. Dividi um contêiner com um casal de alemães muito gente fina (Fabian e Felicia). No segundo dia ficaria no Albergue Lago Argentino.

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Na cidade há alguns museus, porém visitei somente um deles, pois os demais estavam fechados.
Visitei a Intendência do Parque Nacional Los Glaciares, que é o centro administrativo do parque de mesmo nome. A Intendência fornece informações sobre a área protegida, suas geleiras e passeios dentro do parque. A entrada é gratuita e há uma trilha interpretativa que conta a história do parque com peça e máquinas que fez o acesso às geleiras. Grande parte das obras do acervo faz alusão aos exploradores Francisco Pascasio Moreno e Charles Darwin.

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Saindo da Intendência, segui as placas que indicavam o acesso à Laguna Nimez, que fica a poucos minutos de caminhada do centro de El Calafate. É um belo lugar pra se conhecer. É um local para observação de lindas aves coloridas e raposas. A entrada é paga, porém é possível avistar todo o atrativo do lado de fora.
Seguindo a calçada pude observar e fotografar boa parte da fauna em quase 360 graus do lugar. Do lado de dentro há uma trilha onde é possível transitar entre as lagoas e ver as aves mais de perto. Entre 1 e 2 horas é possível passear e fotografar tudo por lá. Optei ficar pelo lado de fora do parque onde, em todo o percurso, não fiquei a mais de 30 metros da trilha do lado de dentro. A maior atração são os flamingos (flamencos austrais).

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Como o dia só escureceria a partir das 21 horas e o dia estava quente e ensolarado, fui até o Lago Argentino (que fica ao lado da Laguna Nimez). O Lago Argentino é o maior e o mais austral dos grandes lagos patagônicos da argentina. Dizem que em alguns pontos ele alcança a profundidade de 500 metros...
Às margens do lago, com suas areias escuras, moradores e turistas aproveitam os raros dias quentes para tomar banho no lago, passear com a família, pescar e praticar diversas atividades físicas e de lazer.
Fiquei um longo tempo contemplando e fotografando as belezas naturais da região e antes que caísse a noite, já chegava ao meu quarto no contêiner.

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 Até a próxima!!!

sexta-feira, 8 de maio de 2015

TORRES DEL PAINE - CHILE

            
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O Parque Nacional Torres Del Paine, localizado na patagônia chilena, é um dos destinos mais belos da América do Sul. Para chegar ao local peguei um voo do Aeroporto Internacional de Guarulhos, com destino final em Punta Arenas e de lá um ônibus até a cidade de Puerto Natales. A viagem de Punta Arenas a Puerto Natales dura em torno de 3 horas, com uma bela vista do Estreito de Magalhães e campos a perder de vista no horizonte. Em Puerto Natales várias empresas de ônibus fazem a viagem até Torres Del Paine.

Chegando a Puerto Natales pude sentir a força do vento e o frio congelante da patagônia. Peguei um mapa da cidade na rodoviária, troquei dinheiro em uma casa de câmbio e fui procurar uma pousada. Fiquei na Yaganhouse pagando 12.000 pesos chilenos por um quarto compartilhado. Na própria pousada comprei as passagens ida e volta para Torres Del Paine e aluguei um isolante térmico para usar nos campings do parque.

Do Brasil levei minha barraca Cota-2 – Trilhas & Rumos. Levei também meu saco de dormir Super Pluma – Trilha & Rumos (6°C Conforto; 4°C Tolerância; 0°C Extremo). Aconselho levar um saco de dormir para temperaturas negativas (Celsius), pois o risco de hipotermia e congelamento é elevado, principalmente à noite, de madrugada e boa parte da manhã.

Comprei minha alimentação para os 3 ou 4 dias que eu ficaria no parque. Optei não cozinhar nos campings, então comprei pães, queijo, atum, chocolates, biscoitos, uma espécie de feijão branco cozido e temperado (enlatado), frutas, sucos, achocolatados e apenas 1 garrafa de água, pois sabia de antemão que no parque encontraria água potável em abundância.

Aproveitei o restante do dia para conhecer a cidade às margens do Seno Última Esperanza. Jantei e fui dormir depois das 21 horas com o dia já escurecendo.

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No dia seguinte levantei bem cedo e fui tomar o café da manhã. No refeitório conheci um casal de gaúchos que estavam na patagônia há vários dias e disseram que fui o primeiro brasileiro que eles encontraram por lá. Após o café me despedi e fui para a rodoviária, pois o ônibus saia às 07:30 horas.

Cheguei ao parque antes das 10 da manhã. O ônibus parou na Portaria Laguna Amarga, desci do ônibus, paguei a entrada do parque (18.000 pesos chilenos), carimbei meu passaporte, assisti um vídeo sobre o parque e informei a rota que iria fazer (Sendero “W”).

Para quem começa a caminhada pela Laguna Amarga o circuito “W” segue no sentido horário e leva-se de 3 a 5 dias para concluí-la, de acordo com o ritmo da caminhada. O circuito completo – o circuito “O” segue no sentido anti-horário e leva-se de 7 a 10 dias de caminhada para concluí-la. O circuito “W” está contido dentro do circuito “O”.

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Os primeiros 7,5 km são feitos em uma estrada de terra e cascalho sem nada de tão interessante para se ver, então optei pegar um transfer disponível que faz o percurso por 2.800 pesos chilenos.

O fim do trajeto do transfer é ao lado do Hotel Las Torres. Desse ponto já dá pra ver as pontas das torres ao longe. Após fazer os últimos ajustes na minha mochila parti para a aventura. O objetivo do dia era subir o Valle Ascencio, passar pelo Refúgio/Campamento Chileno e prosseguir até o Campamento Torres, onde montaria minha barraca e, se desse tempo, subir até a base das torres.

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Do Hotel Las Torres até o Refúgio/Campamento Chileno são 5 km, praticamente só de subida. Comecei o percurso bem agasalhado, mas o dia estava ensolarado e antes da metade da subida já tinha guardado todas as minhas blusas e estava só de camiseta. Cheguei a um trevo (Los Cuernos / Las Torres / Chileno) e segui a indicação para o Chileno. A vista do Valle Ascencio e do Lago Nordenskjold é espetacular. A vegetação é baixa e a todo tempo é possível visualizar o Monte Almirante Nieto à esquerda.

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Em menos de 2 horas, após atravessar o Rio Ascencio, cheguei ao Refúgio/Campamento Chileno, descansei por uns 10 minutos e continuei a caminhada rumo ao Campamento Torres.

Do Refúgio/Campamento Chileno até o Campamento Torres são mais 3 km de subida, porém com a vegetação alta e cobrindo a visão do céu. Cheguei ao camping em menos de 1 hora de caminhada.

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Identifiquei-me para o guarda-parque (todos os campings do circuito “W” têm) e montei minha barraca, cobrindo-a com uma lona preta para uma proteção adicional contra o frio, a chuva e o vento. Esse camping é gratuito. Fiz um lanche reforçado e segui a trilha que vai até a base das torres.

A distância do Campamento Torres até a base das torres é de 1 km – uma subida extremamente íngreme e de um longo trecho de pedras soltas. Em alguns trechos tive que usar o apoio das mãos para prosseguir. Quanto mais eu subia, mais a temperatura caía e o vento aumentava. Nuvens começavam a cobrir o céu e conforme eu ascendia as pontas das torres ficavam mais visíveis.

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Depois de tanto tempo subindo, finalmente cheguei à base das torres. O céu estava completamente nublado, mas felizmente as torres estavam descobertas. Como foi bastante cansativo chegar até lá, permaneci por mais 1 hora contemplando as agulhas de granito e o grande lago, logo abaixo delas.

Infelizmente, enquanto tirava uma foto, usando um bastão de selfie, minha câmera compacta escapou do suporte do bastão e caiu dentro do lago. No mesmo instante me atirei no lago para recuperá-la. Consegui, mas ela não funcionava mais. Fiquei muito chateado. O lado positivo é que assim que a tirei do lago, desacoplei o cartão de memória da câmera e dias depois descobri que o cartão funcionava corretamente e as fotos estavam intactas. A perda da minha câmera compacta não influenciou muito, até então, na minha viagem. Estava com outra excelente câmera e ainda tinha o meu celular. Fiquei mais um pouco, mas a temperatura continuava a cair. Retornei para o camping, jantei atum e feijão branco acompanhado de um suco de caixinha. Entrei na barraca e dormi bem aquecido.

Distância percorrida a pé neste dia: 10 km.

Gastos: 18.000 pesos chilenos (entrada do parque) + 2.800 pesos chilenos (transfer Laguna Amarga – Hotel Las Torres) = 20.800 pesos chilenos.

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No dia seguinte levantei cedo e percebi que o céu tinha poucas nuvens e o sol brilhava na ponta das torres. Tomei meu café da manhã e dei uma rápida subida até a base das torres, pois ainda teria uma longa jornada pela frente. Voltei para o camping, desmontei minha barraca, organizei minha mochila e retornei pela trilha do dia anterior.

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O objetivo do dia seria descer todo o Valle Ascencio, passando pelo Refúgio/Campamento Chileno, até o trevo Las Torres – Los Cuernos. Seguiria pela direita, sentido Refúgio/Campamento Los Cuernos. Dependendo do horário, continuaria até o Campamento Italiano (também gratuito).

Como estava descendo, levei 30 minutos até o Refúgio/Campamento Chileno e 1 hora até o trevo Las Torres – Los Cuernos. Desci junto com um australiano muito gente fina que estava começando a fazer o circuito completo (Sendero “O”). Ele me convidou para ir também, daí expliquei que tinha pouco tempo para ficar na patagônia e não daria tempo de fazer o circuito completo.

Durante a descida fiquei admirado com a coloração azul do Lago Nordenskjold. A todo tempo cruzava com grupos que subiam o Valle Ascencio a cavalo.

Chegando ao trevo o australiano seguiu pela esquerda, sentido Campamento Serón e eu pela direita, sentido Refúgio/Campamento Los Cuernos.

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Do trevo para o Refúgio/Campamento Los Cuernos são aproximadamente 11 km e fiz em 3 horas. Bem no início parei para me refrescar em uma cachoeira, pois já fazia calor. Enchi minha garrafa de água e continuei a caminhada por muito tempo com o Monte Almirante Nieto à minha direita.

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O percurso, com algumas subidas e descidas, é um dos mais belos do circuito “W”. De um lado a cadeia montanhosa, do outro o paradisíaco Lago Nordenskjöld.

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O Monte Almirante Nieto foi ficando para trás e os Cuernos Del Paine foi tomando o seu lugar na paisagem, mas durou pouco. A partir de então, até o término do meu circuito, o tempo fechou, a temperatura caiu drasticamente e começou a ventar violentamente. O vento trouxe a neblina, a neve e a chuva. O chão ficou enlameado, os rios transbordaram, o Lago Nordenskjöld formou altas ondas e o vento carregava a água do lago até a trilha onde eu estava – a mais de 50 metros acima do nível do lago! Como já previa tal situação, já havia coberto eu e a mochila com capas de chuva. O mal tempo encobriu o maciço do Cuernos del Paine até o momento em que fui embora.

Finalmente cheguei ao Refúgio/Campamento Los Cuernos. Fiz um lanche reforçado e, como ainda estava cedo, prossegui o trajeto até o Campamento Italiano. Teria que andar mais 5 km.

Como já estava exausto, fui num ritmo mais lento atravessando rios, pontes, atoleiros e subindo bastante. Aumentei a quantidade de paradas pra descanso e continuava a ser castigado pelo forte vento e pela precipitação atmosférica.

Passei pelo Campamento Francês e fiquei tentado a ficar por lá mesmo, mas continuei minha jornada. Cheguei ao Campamento Italiano quando o dia já escurecia. Identifiquei-me para o guarda-parque, montei acampamento, jantei e fui dormir, já em ponto de congelar.

Distância percorrida a pé neste dia: 26 km.

Gastos: zero!

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Durante a noite toda ventou com uma força assustadora. A minha barraca ameaçava dobrar, mas resistiu fielmente. A chuva e a neve aumentavam e a temperatura não parava de cair até chegar a -6°C. Como meu saco de dormir não era apropriado para aquela temperatura e comecei a passar frio. Vesti todas as minhas roupas, meias, touca, luvas. Enrolei um saco de lixo grande que tinha levado em volta do saco de dormir, até que o frio ficou suportável. Se não funcionasse alugaria um saco de dormir com o guarda-parque. Dentro do saco de dormir a temperatura começou a ficar agradável e pude dormir tranquilamente. Durante a noite e a madrugada quando abria o saco de dormir, por qualquer motivo, entrava aquele halo mortífero de frio. Deixei as pilhas da câmera e o celular comigo dentro do saco de dormir para não descarregá-las. Quando amanheceu ainda ventava incontrolavelmente e chovia bastante. Do lado da barraca tinham diversos galhos de árvores arrancados e quebrados pela força descomunal do vento.

Dentro da barraca tomei meu café da manhã e me preparei para subir ao Mirador Britânico, porém o guarda-parque do Italiano me disse que o acesso estava cerrado. Frustrado, voltei para a barraca, desmontei-a, arrumei minha mochila e segui para o Refúgio Paine Grande. O plano agora seria terminar o circuito “W” nesse dia. Ainda era cedo e decidi ir até o Refúgio Paine Grande, deixar minha mochila no refúgio, ir somente até o primeiro mirante do Grey e retornar para o Paine Grande para embarcar no catamarã das 12:30 horas e pegar o ônibus para Puerto Natales.

A distância do Campamento Italiano até o Refúgio Paine Grande é de 7,5 km. O percurso é fácil, mas tinha muita lama em toda trilha. A chuva havia parado e uma forte neblina incidia por todos os lados. Os Cuernos Del Paine ainda estavam encobertos. Ventava muito e precisei colocar a capa de chuva pra não me molhar com a água que o furacão trazia do Lago Sköttsberg. Aos poucos, a neblina foi diminuindo, porém o vento continuava.

Consegui visualizar uma parte do Cerro Paine Grande quando já avistava o Lago Pehoé. Mesmo com o tempo fechado pude contemplar a incrível coloração azul deste lago.

Chegando à Guarderia Paine Grande, pedi para o guarda-parque para deixar no posto minha mochila cargueira, pois iria somente até a metade do percurso do Glaciar Grey e voltaria para pegar o primeiro catamarã do dia. Ele disse que eu teria pouco tempo para isso (exatas 3 horas). Ele me orientou a colocar a mochila do lado de fora com a capa de chuva por cima.

Com o prazo curto, porém, sem a mochila, segui até o ponto mais alto da caminhada sentido Glaciar Grey, onde dava para avistá-lo. Levei minhas blusas mais quentes, capa de chuva, documentos e a máquina fotográfica.

Durante a subida, fui castigado pelo vento que quase me derrubava. Com um pedaço de madeira pude ter um apoio melhor. Na hora de fotografar a câmera não aceitava mais o cartão de memória. Tirei e voltei a colocar o cartão. Desliguei e liguei a câmera várias vezes, mas continuava a recusar o cartão de memória. Fiquei puto da vida. Fui pegar o celular pra fotografar, porém tinha esquecido dentro da mochila lá no Paine Grande. Fiquei furioso. A vontade de jogar a câmera fotográfica no Lago Grey foi grande, mas a câmera não era minha... rsrs. Poderia formatar o cartão, mas perderia todas as fotos. Aceitei a situação relutante e cheguei à parte alta. A vantagem foi que quase não dava para ver o Glaciar Grey por causa da névoa.

Faltava um pouco mais de 1 hora para a saída do catamarã e acelerei o passo de volta para o Paine Grande. Cheguei e já tinha uma fila imensa esperando pelo barco. Peguei minha mochila na Guarderia, agradeci e esperei os passageiros que chegavam do outro lado do Lago Pehoé descerem. Logo depois embarquei e assim que a embarcação partiu, subi na parte de cima do barco para fotografar com o celular, mas, o Cerro Paine Grande e os Cuernos Del Paine ainda estavam encobertos.

Meia hora depois cheguei a Guarderia Pudeto, onde os ônibus já esperavam pelos passageiros com destino a Puerto Natales. Apresentei meu voucher para o motorista, subi no ônibus e antes que o motorista desse a partida no motor, já estava dormindo.

Distância percorrida a pé neste dia: aproximadamente 18 km.

Gastos: 15.000 pesos chilenos pela travessia de catamarã no Lago Pehoé.

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Apesar das complicações durante o circuito, os 3 dias que estive no parque foram de experiências positivas. É um lugar para se retornar. Na próxima vez optarei pelo circuito completo (Sendero “O”) e irei com, pelos menos, 3 dias de sobra para ter maiores chances de aproveitar da melhor forma um paraíso chamado Torres Del Paine.

Até a próxima!!!